Capri, foi o último destino, que tinha planejado visitar, antes de iniciar meu intercâmbio em Reggio Calabria, durante o mês de abril/2019. Assim, comoPompéia e Herculano, esse destino estava na minha lista de lugares de sonhos a visitar. Para chegar em Capri, a partir de Nápoles, existem dois terminais de onde saem os barcos: Molo Beverello e Calata di Massa. Do primeiro saem os barcos mais velozes(aliscafi), e consequentemente mais caros, em março/2019 custava 22,00 euros; e fica mais próximo para quem está vindo de Chiaia, onde estávamos hospedados. Como não havíamos comprado com antecedência, pegamos esse barco, porque era o próximo a sair, depois que chegamos ao terminal.
Este foi o que pegamos na volta, são balsas, mais lentas
Na volta, fizemos da mesma forma, pegamos o primeiro que estava previsto para sair, e nesse caso foi o barco mais lento(balsas), custou em torno de 12,00 euros, e descemos em Calata di Massa. Claro, que antes de sair para conhecer a cidade, demos uma olhada prévia nos horários dos barcos, para ter uma ideia de quanto tempo podíamos dispor. A primeira coisa que fiz ao chegar, foi procurar saber os horários dos barcos para a Gruta Azul.
Minha tristeza, por não conhecer a Gruta Azul-SQN
Mas não foi dessa vez, foi com tristeza que descobri que naquele dia os passeios para a Gruta Azul estavam interditados por conta da maré. Mas não dá para ficar triste em Capri, com todo aquele azul em volta, e como reza a lenda, sempre devemos deixar um motivo para voltar, então vai ser conhecer a Gruta Azul e as ilhas em volta, como Procida, recomendada por um amigo, onde foi filmado O Talentoso Ripley e O Carteiro e o Poeta.
Muito azul e pouco sol
Depois de passear pela praia, pegamos o funicular para subir para o centrinho, ou a cidade propriamente dita. Essa subida também pode ser feita por escada, táxi ou ônibus.
Vista da subidaVista de Capri durante a subida do funicular
O centrinho de Capri, é um charme, seguindo naturalmente o padrão de beleza da natureza que a envolve. São inúmeras lojinhas, com marcas de griffe, produção local, artesanato, alimentação, etc. Eu fiquei deslumbrada com aquela fofura em forma de cidade, mas resolvemos parar para comer alguma coisa, optamos por pizza, vinho e vista para o mar.
Olha o charme das placas de CapriBreve paradaCharme em toda partePor onde a vista alcançarPiazzeta
Depois de caminhar por toda a cidade, comprar souvenir e tomar sorvete, paramos na piazzeta para tomar um café gourmet com todo estilo!
Numa noite do mês de outubro, mais precisamente no dia 24, do ano 79 da era cristã, segundo descobertas mais recentes, Vesúvio explodiu, destruindo e soterrando algumas cidades italianas(Pompeia, Herculano, Oplontis, Stabiae e Boscoreale). Estas cidades só foram descobertas no século XVI, quando o arquiteto italiano Domenico Fontana tentou abrir um túnel no monte La Civita. Mas as escavações só começaram em 1738 a mando do Rei da Espanha Carlos III. Hoje, é um parque arqueológico protegido pela UNESCO. E era um dos lugares que havia listado para conhecer, e que estava no meu roteiro nessa viagem. As ruínas de todas essas cidades, acima listadas, estão abertas a visitação, porém para fazer um bate e volta a partir de Nápoles, como fizemos, só dá para visitar duas. Decidimos visitar Herculano e Pompéia. Para chegar lá, pegamos a linha Circumvesuviana de trem, e descemos primeiro em Herculano, pois sabia que era menor, paramos na estação Ercolano Scavi, e depois de pegar o mesmo trem continuamos, e descemos em Pompei – Scavi villa dei misteri.
HERCULANO
A nova cidade de Herculano foi construída em cima das ruínas da antiga. Chegando na estação, só precisamos seguir em frente, e logo já avistamos o sítio e as ruínas, ao mesmo tempo em que temos uma visão fantástica do mar.
HerculanoHerculanoVisão das ruínas com o mar ao fundo
Nós não chegamos a descer para o sítio arqueológico onde estão as ruínas, pois achei que ficaria muito cansativo, uma vez que ainda iríamos para Pompéia, e que não posso negar que era meu foco, além de ser bem maior, do que Herculano. Mas me arrependi deveria ter descido lá também, pois devido a circunstâncias naturais, a cidade ficou mais preservada. Como o vento soprava para o outro lado, logo que houve a explosão do Vesúvio, formou-se uma coluna de cinzas muito aquecidas que atingiu a cidade, ficando soterrada. No entanto, as cinzas preservaram os prédios.
Mas na hora, não pensei nisso. Eu já estava tão deslumbrada com o que estava vendo, a paisagem, as ruínas e a presença do Vesúvio lá no fundo, que achei que era suficiente. Mas escrevendo o post, e depois de ver algumas fotos das pinturas, bateu o arrependimento. Mas enfim, seguimos em frente.
POMPÉIA
Voltamos para a estação, pegamos o mesmo trem e descemos na estação Pompei – Scavi villa dei misteri. A essa altura a fome já estava batendo, então foi só escolher o local para comer. E olha que acertamos, pois acho que foi um dos melhores nhoques que já comi. Depois seguimos para o parque. Anteriormente, ainda em Nápoles, tínhamos visitado o Museu Arqueológico, e além das muitas estátuas e objetos que foram retirados das ruínas, assistimos uma animação que simula como seria a cidade antes da explosão. É incrível!
Início da caminhada e primeiras impressões
Abaixo dois exemplos de casas típicas romanas: Casa della Fontana Piccola e Casa della Caccia Antica
Casa Fontana Piccola – fonte ao fundoCasa della Fontana PiccolaMuro della Caccia anticaInterior da casa della caccia anticaDetalhe da pintura da casa della caccia anticaCasa della caccia antica
Não dá para explorar toda a cidade, é muito grande! E a parte descoberta representa apenas um terço do que era a cidade na época da explosão do vulcão. É indescritível a sensação de voltar no tempo, percorrendo as ruas de pedra e imaginar como seria a vida naqueles dias. E o mais incrível é olhar para o Vesúvio, ali na frente, o tempo todo olhando para gente! E pensar na força que ele tem.
A Itália está no meu DNA, na proporção de 35%(MyHeritageDNA). Sempre soube que a origem da minha família vinha da Itália, que “um dia dois irmãos italianos vieram da Calabria para o Brasil, indo um para Recife e o outro para Nazaré da Mata”. Só que a história não era bem assim; eles não eram irmãos, mas primos, um deles não foi para Recife, mas Catende; o Calabria é só no nome, na verdade vieram de Casalbuono, comuna da província de Salerno, na região da Campânia. A verdadeira história eu ainda estou pesquisando, mas a comuna eu já visitei.
Arredores de Casalbuono Chegada na cidade
Casalbuono, fica a 165km de Nápoles, e atualmente pertence ao Parque Nacional do Cilento e do Vale do Diano. O parque foi criado em 1991, para proteger a região do Cilento da especulação imobiliária e do turismo em massa. Em 1998, tornou-se Patrimônio Mundial da UNESCO. Para chegar lá alugamos um carro na estação central de trens em Nápoles e seguimos direto.
Não dá para explicar a emoção que senti, ao chegar na cidade onde viveram meus ancestrais. No início achei estranho porque a cidade parecia deserta, nos dirigimos a prefeitura para solicitar alguns documentos, e a funcionária me pediu para voltar a tarde.
Prefeitura Praça com nome de um ancestral Michelle Calabria Mapa do Parque Nacional de Cilento e Vale do Diano
E só depois de algum tempo vivendo no sul da Itália, foi que entendi porque a cidade estava deserta daquele jeito. Era a pausa que fazem para o almoço e descanso, entre as 13:00 e as 16:00, quando toda a cidade para. Então pedimos indicação de restaurante e fomos almoçar.
Pousada/restaurante Restaurante Risoto de funghi e vinho da casa
Almoço delicioso, risoto de funghi, vinho da casa e mousse de pistacchio. Depois do almoço e enquanto aguardávamos a prefeitura abrir, fomos explorar o centro histórico. Não tenho muitos dados da fundação da cidade, mas vem da época medieval, pois consta que a igreja Santa Maria delle Grazie, situada na praça Carlo Pisacane, foi construída no século XII.
Centro Histórico Piazza Carlo Pisacane Chiesa Santa Maria delle Grazie
Conversei com alguns moradores, queria ter a sensação de pertencimento na cidade dos meus ancestrais. No final da tarde, no caminho de volta para Nápoles, fomos contemplados com este por-do-sol.
Para mim, não existe melhor maneira de conhecer uma cidade do que caminhando pelas suas ruas, e em Nápoles, nós levamos essa ideia bem ao pé da letra. Foram 18,3 km percorridos a pé, de acordo com o meu celular, e seguindo meu roteiro pré-determinado. O ponto de partida, foi Chiaia, onde estava localizado o apartamento, que havíamos alugado, pelo Airbnb, pelos próximos 5 dias, dica de Ricardo Freire, do blog Viaje na Viagem.
CHIAIA
O bairro é muito bem localizado, fica a beira-mar, perto da Piazza del Plebiscito, a mais importante da cidade, perto do Centro Histórico, e longe do tumulto. A noite, ao longo Riviera di Chiaia, tem muitas opções de restaurantes, bares e pizzarias. Indo no sentido de Mergellina, contrário ao centro, ficava a estação de metro/trem.
Riviera di Chiaia
Reservamos o primeiro dia para conhecer Nápoles, e achei que foi mais do que suficiente. Com a ajuda do mapa que estava a nossa disposição no apartamento, iniciamos nossa jornada para o centro histórico. Fomos margeando a avenida beira-mar ou Via Francesco Caracciolo, em direção a Piazza del Plebiscito, e de lá para o centro histórico.
Chiaia – Via Francesco Caracciolo Piazza Vittoria-final da via Francesco Caracciolo Via Partenope – vista contrária ao Vesúvio Chiaia, sentido Mergellina
Chegamos na Piazza del Plebiscito, e subimos por uma rua até o Castel Nuovo. Optamos por não entrar no castelo, e continuar nossa caminhada, até chegar a Galeria Umberto I, onde paramos para apreciar a decoração e tomar um café.
Castel Nuovo ao fundo
GALERIA UMBERTO I
É um Centro comercial, em forma de cruz, coberto com uma estrutura de ferro e vidro, elementos arquitetônicos modernos, que remetem a Galleria Vittorio Emanuele II, em Milão, concluída em 1865. Nomeada em homenagem ao Rei que governou a Itália entre 1878 a 1900. Foi construída entre 1887 e 1890, para estimular o comercio e ser símbolo do renascimento de uma cidade, que se encontrava devastada. Período conhecido como “Risanamento”, que durou até a primeira guerra mundial. Tem quatro saídas; entramos pela entrada com vista para o Castel Nuovo, e saímos pela que dá acesso a via Toledo.
Galeria Umberto I – 12 signos do zodíaco em mosaico Galeria Umberto I
QUARTIERI SPAGNOLI
Seguindo pela via Toledo, chegamos ao Quartieri Spagnoli, ou bairro espanhol. Tem esse nome por ter abrigado os espanhóis no século XVI. Naquela época Nápoles pertencia ao reino das Duas Sicílias, que era controlado pelo lado espanhol da família Bourbon. O Vice-rei mandou construir um local para abrigar as tropas espanholas, que eram enviadas a Nápoles para prevenir contra possíveis insurreições. É o típico bairro napolitano, com ruas estreitas, roupas penduradas na janela, crianças jogando bola e vespas passando a toda! É enorme, caminhamos por algumas ruas para sentir o clima e depois voltamos para a via Toledo para prosseguir com o nosso tour.
Quartieri Spagnolii Peixaria no Quartieri Spagnoli Quartieri Spagnoli Via Port’Alba
Chegando a Piazza Dante, entramos a direita na via Port’Alba para chegar no miolo mesmo do centro histórico. Depois de explorar a região, paramos para almoçar no restaurante que já havia escolhido: o Tandem Ragù Ristoranti Napoli, esse que aparece na foto, localizado na via G. Paladino, 51, que havia sido muito bem recomendado. Fui de ragù mesmo, e Daniel de nhoque, com vinho da casa. Refeição maravilhosa!
Tandem Ragu Ristorante Napoli Tandem Ragu Ristorante Napoli Via Vicoletto S. Pietro a Maiella Piazza Dante Vista do Vesúvio
NAPOLI SOTERRANEA
Existe outra Nápoles, oculta pelas ruas caóticas da cidade, bem anterior ao que hoje conhecemos da cidade. Com a queda do Império Romano, novas construções surgiram se sobrepondo as ruínas das que já existiam, formando uma extensa rede de túneis. O início do tour, que custa 10 euros, é na Piazza San Genaro. São sítios arqueológicos, aquedutos e cisternas. Durante a segunda guerra, o local foi utilizado como abrigo anti-aéreo e hospital militar. A visita dura duas horas e as vezes é um pouco claustrofóbica, com passagens bem estreitas. Mas achei que valeu a pena. No final, saímos dos túneis e entramos numa típica casa napolitana daquela época; e eis que a guia levanta a cama para que possamos entrar num alçapão com acesso as ruínas de um anfiteatro romano.
Cisterna Napoli Soterranea
Ao final do tour subterrâneo, iniciamos nossa maratona para conhecer as melhores pizzarias de Nápoles, a primeira foi a Gino Sorbillo, pertinho de onde estávamos na Via dei Tribunali, 32. Em seguida, ainda deu tempo de ir conhecer o Museo Archeológico di Napoli, numa prévia para a nossa visita a Herculano e Pompéia.