“Vou danado pra Catende”

img_1615O sino bate,
o condutor apita o apito,
Solta o trem de ferro um grito,
põe-se logo a caminhar…

          — Vou danado pra Catende,
          vou danado pra Catende,
          vou danado pra Catende
              com vontade de chegar…”

Mergulham mocambos
nos mangues molhados ,
moleques mulatos,
vem vê-lo passar.

              — Adeus!
              — Adeus!

Mangueiras, coqueiros,
cajueiros em flor,
cajueiros com frutos
já bons de chupar…

             — Adeus, morena do cabelo cacheado!

            — Vou danado pra Catende,
            vou danado pra Catende,
            vou danado pra Catende
            com vontade de chegar…

………………………………………

  (Trem de Alagoas, de Ascenso Ferreira)

                        O Trem pode ser de Alagoas, mas é pra Catende que ele vai danado. Alceu Valença também foi danado pra Catende, com alguns versos do poema de Ascenso Ferreira, na sua música “Vou danado pra Catende”. E foi para lá que eu me danei, cheia de vontade de chegar e dar vida aos meus ancestrais. E lá está ela, a 142 km de Recife, na mesorregião da Mata Pernambucana, cheia de mistérios para mim, uma vez que guarda todos os segredos do meu povo. E eu tenho muitos deles, repousando por lá, e outros aqui, mas que vieram de lá. Este é um novo projeto, trazê-los de volta a vida para possibilitar o encontro. E devido a importância da cidade, na formação da família da minha mãe, tinha que começar por lá, até então desconhecida para mim. Nessa primeira visita, fiz apenas um bate e volta.

Igreja Matriz de Sant'Anna
Igreja Matriz de Sant’Anna

                      Catende, hoje, é uma pequena cidade no interior de Pernambuco, com população aproximada de 41.865 habitantes, mas teve sua importância, na época em que Pernambuco era o maior produtor e exportador de açúcar, possuindo mais de 2500 engenhos. Desses engenhos, 490 forneciam cana às usinas dos engenhos Centrais. Catende abrigava a Usina Catende, que chegou a ser considerada, em 1929, a maior Usina do Brasil em produção e capacidade.

                  O início de tudo, foi quando D. Pedro II, doou parte das terras da região, que haviam sido divididas em sesmarias, ao senador Álvaro Barbalho Uchoa Cavalcanti. Ele não as ocupou e foi vendendo ao longo dos anos, originando assim os primeiros sítios e engenhos de cana-de-açúcar. Os registros dos primeiros povoados datam de 21 de outubro de 1863, a partir da presença do capitão Levino do Rêgo Barros, que também foi responsável por trazer a estrada de ferro do sul e Pernambuco para a região. Meus ancestrais foram contemporâneos de Levino.

Estação de Catende
Estação de Catende

                 A cidade se desenvolveu em torno do engenho de açúcar Milagre da Conceição, no distrito criado em 1892, pertencente ao município de Palmares. Esse engenho, mais tarde se tornaria a Usina Catende. O município foi emancipado de Palmares, em 11 de setembro de 1928.

Usina Catende do lado esquerdo, ao fundo.
Usina Catende do lado direito do trilho, ao fundo.

                            Do lado esquerdo do trilho, se encontra a praça, onde está localizada a sede da Prefeitura, o cinema, que hoje não se encontra em bom estado, e algum comércio e residências.

Praça da prefeitura, sede ao fundo
Praça da prefeitura, sede ao fundo, em rosa.
A tranquilidade de uma cidade.
A tranquilidade de uma cidade.

                               Como falei acima, esta primeira visita, foi apenas um bate-e-volta, quase um visita turística. Mas outras virão, até ter a história nas mãos, e a primeira já está agendada. E foi o imigrante, que deu nome a essa rua, um dos que iniciou essa descendência, da qual faço parte.

Rua Rafael Calabria
Rua Rafael Calabria

ruarafaelcalabria

 

Fernando de Noronha – de volta ao paraíso

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Recordar é viver, e esta é a principal razão da existência deste blog, fazer os registros das minhas viagens, para que eu possa revivê-las mais adiante. A viagem a Ilha de Fernando de Noronha, que fiz em junho de 2009, foi anterior a criação do blog, e já estava na fila para virar post um dia. Então, Belinha, minha filha, viajou para Noronha, e de tanto trocarmos ideia sobre a ilha, me veio o desejo de revivê-la. Pronto, senti que tinha chegado o momento de minha inesquecível viagem virar post.

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A viagem para Noronha, marcou um momento bem especial em nossas vidas, tínhamos acabado de fechar a compra do apartamento dos nossos sonhos, e cheios de euforia com nossa aquisição, fomos desfrutar o paraíso!

Quem é de fato um bom pernambucano, não deixa passar a oportunidade e vai conhecer Fernando de Noronha. O medo, do avião pequeno, desaparece quando vemos o cenário paradisíaco se aproximando pela janela. O que mais me impressionou, foi constatar que nenhuma das fotos maravilhosas que já tinha visto do arquipélago, conseguiu captar completamente a magia do lugar. A realidade supera em muito nossa imaginação.0502

Assim que chegamos, deixamos a bagagem na pousada e fomos ao centrinho contratar os passeios. Fechamos um tour por toda a ilha para o dia seguinte, pois só assim teríamos uma noção da ilha como um todo, e poderíamos escolher o que fazer depois. No dia seguinte, o jeep que foi nos pegar na pousada, já trazia três casais maravilhosos, que se tornaram nossos amigos e companheiros em toda a estadia em Noronha.03

O tour dura o dia todo, e faz diversas paradas, tanto nos mirantes para apreciarmos as paisagens, como nas praias para tomar banho de mar. Paramos na praia da Cacimba do Padre,  praia do Sancho, Baia dos porcos, praia do leão.

Praia da cacimba do padre.
Praia da cacimba do padre.
Praia da cacimba do padre
Praia da cacimba do padre
Trilha para chegar na praia do sancho
Trilha para chegar na praia do sancho

Visitamos a ilha em junho de 2009, e de lá para cá, foram feitas melhorias no caminho que leva a praia do sancho, e em outros locais. A medida que o tempo passa, algumas restrições vão sendo implementadas em função da preservação ambiental.06

Na praia do Leão, observamos a pedra em forma de leão ou cachorro para alguns, mas sobretudo, nos divertimos tirando todas as fotos jacu a que tínhamos direito!

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 Ao final do dia, a turma toda foi para o Festival Gastronômico na pousada de Zé Maria, que acontece as quartas e sábados. Trata-se de um verdadeiro banquete com diversos pratos, e sobremesas maravilhosas. Vale muito a pena, não só pelo festival em si, mas também para conhecer a pousada.PQAAAOpkHqnHdEqfVfGpwIEYnKoJyejnULC3hYZHI9Ck-wtyWIMxXbpwWkBOKbCGpYfvRijw4gyExbYCGzsxezhJRVoAm1T1UHDvVyDktda-h8Q_pNhPhL0AMLDF

No dia seguinte, fizemos o passeio de barco a baia dos golfinhos e paramos para um mergulho na praia do sancho com snorkel. Fizemos também o aquasub, que é uma pranchinha puxada por um barco, e vamos manuseando, para mergulhar e voltar a superfície.PQAAAPaAEsUPP8NvrFrace_V5fboXQEhZLPnMP0d2dEMORgHYNzPeLsseQRVzn3Ewf_lRnGI0hNbfv0Odyir-NcrkbkAm1T1UFthUvvKLJXWt8X52MtjnlnI4IBT

Pronta para o passeio de aquasub
Pronta para o passeio de aquasub

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Fizemos a caminhada pelo centro histórico da Vila dos Remédios, conhecemos o Projeto Tamar, e trilha até a praia do Leão.PQAAAGXOpc-unblCpeFMiKJLyAvtKyu6Iyp0NPg8LvnBWLgfCY7BTElPs32Ogacc6U1K1IQfPFkvVTj2XeRHPoX63TYAm1T1UM166NuC7dMfxAvVoSBAicJr_vph

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Foi uma viagem inesquecível, infelizmente não pudemos mergulhar na praia do Atalaia, pois tinha chovido muito e o acesso estava prejudicado. Mas, como sempre devemos deixar um motivo para voltar, Atalaia, me aguarde!