LAON


Victor Hugo (1er Août 1845)

                          “J’ai quitté Laon ce matin, vieille ville avec une cathédrale qui est une autre ville dedans, une immense cathédrale qui devrait porter six tours qui n’en a que quatre; quatre tours presque byzantines, à jour comme les flèches du XVI e siècle. Tout est beau à Laon, les églises, les maisons, les environs, tout…”

                          A verdade é que Laon só entrou no nosso roteiro, por causa da sua catedral, Notre-Dame de Laon, que segundo informações de Ina Caro, seria a perfeita catedral, a ser visitada para se ver a transição do estilo romanesco para o gótico. E era esse o nosso projeto, viajar pela história da França, conforme havia dito em outro post. Então pela ordem cronológica, Laon era a bola da vez. Ao chegar lá, descobrimos que a catedral que queríamos visitar ficava em uma cidade medieval murada, a 200m de altura, e como bem testemunhou Victor Hugo, era uma graça.

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                                Laon está localizada no nordeste da França a 135 km de Paris, e dá para fazer um bate e volta bem tranquilo. Saindo da Gare du Nord, leva-se em média 1hora e 40minutos de trem até a gare de Laon. Para ir para a cidade medieval ou cidade alta, a gente pega o Poma, uma espécie de furnicular, que sobe numa velocidade tão grande que  parece até que estamos numa montanha russa, mas que torna a viagem muito divertida. A estação do Poma fica ao lado da estação de trem.

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viagem no furniculaire
Viagem no furniculaire

                             A origem da cidade é bem remota, vem desde os primeiros séculos da era cristã. Primeiro vieram os celtas, a quem a cidade deve o nome, pois a batizaram com o nome de seu deus da luz, Loucetios. Depois vieram os romanos, que a fortificaram com muros, e em seguida, os carolíngios estabeleceram lá sua capital, em 888. No século X, após tornar-se soberano dos francos, com a ajuda da Igreja Católica, substituindo os descendentes de Carlos Magno, Hugo Capeto fez dela o centro do seu reino, antes de transferi-lo para Paris. De fato, foi por muito pouco tempo, talvez a logística tenha contribuído para a rápida mudança, já que a época não havia o furniculaire. Imagine então a dificuldade para se chegar lá no alto.  Não sei se foi esse motivo, mas a dificuldade existia de fato, e poderia ser ilustrada por meio da lenda que explica a existência de vários bois esculpidos em duas das cinco torres da catedral. Segundo essa lenda, durante a construção da catedral, os bois que carregavam as carroças com as pedras montanha acima, tombavam de exaustão, e então, misteriosamente outros bois apareciam para substituir os que haviam tombado. Para lembrá-los,  foram esculpidos esses que ornamentam as duas torres.DSC00645

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                              Assim que chegamos, nos dirigimos para a catedral, a fim de cumprir logo o nosso roteiro! A catedral, construída em 1230, é uma das mais antigas a utilizar os elementos góticos, e uma das que menos sofreram com a Revolução Francesa. No dia em que visitamos Laon, o tempo estava nublado, fazia muito frio, e o sol não apareceu nem por um momento. E ainda assim. quando entrei na catedral tive a sensação que o sol estava lá, haja vista a intensidade da luz em seu interior! Não deveria, mas vou antecipar que de todas as catedrais que visitei nessa viagem, Laon e Saint-Denis foram as que mais me emocionaram. Ficamos lá um bom tempo, verificando as características góticas, e apreciando a sua beleza, antes de decidir deixá-la. Só pela catedral, a visita a Laon já teria valido a pena, mas ainda tinha mais. 

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                             Ao lado da catedral se encontra o Hôtel-Dieu, construído em torno de 1170, para cuidar do corpo e da alma(nível superior), e acolher os pobres e peregrinos  (sala gótica), é o mais antigo hospital gótico da França. Hoje abriga no nível superior, o posto de informações turísticas e, a sala gótica é uma sala de eventos. Gostaria de ter feito como Ina Caro e almoçado em uma brasserie defronte a catedral, mas infelizmente os nossos horários não coincidiam com os dos restaurantes. Quando decidimos almoçar a cozinha de todos os restaurantes charmosinhos pelo qual passávamos já estavam fechadas, para só voltar a abrir às 19:00h. Tivemos que nos contentar com uma pizza, em uma brasserie ao estilo de Laon, cheia de charme. Depois da pausa do nosso “almoço” continuamos a explorar a cidade e fomos conhecer o museu e capela dos templários, construída em torno de 1134, projetada de forma a seguir o modelo do Santo Sepulcro em Jerusalém, num formato octogonal bem interessante. Lamentei o estado de conservação da capela, com várias infiltrações.

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                         Em função do tempo frio e chuvoso, e da hora, tivemos que retornar à Paris, mas recomenda-se voltar em um dia ensolarado, porque há muito mais para se ver, como os três portais: Porte de Soissons, arquitetura militar do século XIII, guardada por duas torres; Porte d’Ardon, outrora chamada de Porte Royale, levava ao palácio real carolíngio; e Porte des Chenizelles, que levava a uma das quatro rotas principais que saíam da cidade. Tem ainda a Torre inclinada da Dame Eve, os bosques no entorno e outras maravilhas, como disse Victor Hugo…”Tout est beau à Laon…”                    

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