Foi com alegria que chegamos a França, não só por ser um destino já conhecido, e muito querido, mas também por amenizar o clima trágico das guerras dos últimos destinos visitados.
O livro escolhido, Les souvenirs, (As lembranças, em português), foi escrito em 2011, pelo premiado escritor francês, David Foenkinos, nascido em Paris, em 1974. Muito conhecido na França e no exterior, já teve seus livros traduzidos em mais de 30 línguas.
A história do narrador(não cita o nome, em nenhum momento), se inicia a partir da morte do avô. Depois do enterro, ele se dá conta da importância que o avô tinha na sua vida e de como ele o amava. No entanto, ele não conseguiu transmitir ao avô, em vida, esse sentimento. Resolve então fazer diferente com a avó, exercendo todo o amor e carinho que sente por ela, e apoiando-a nesse momento tão difícil pelo qual ela está atravessando, com a ausência do marido, a fragilidade que lhe impõe a idade, e as dificuldades para vivê-la num país como a França, que não sabe lidar com seus idosos. Aqui vale um parêntese sobre o tema, que produziu dois excelentes filmes ambientados na França recentemente: “E se vivêsemos todos juntos?” e “Amor”. Esse último ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2013. Voltando ao livro, a solução encontrada para o problema da avó, foi interná-la num asilo contra sua vontade.
A medida que essas e outras situações vão surgindo, ele vai apresentando ao leitor, as pessoas nela envolvidas e com as quais ele se relaciona, os pais, o proprietário do hotel onde ele trabalha a noite, para lhe permitir seguir o sonho de se tornar escritor, a jovem com quem ele vai se relacionar e assim por diante. Para cada um, ele cita uma lembrança especial, que considera marcante. Ao longo do livro, o personagem passará por momentos de dúvidas quanto ao futuro, dificuldades de relacionamento com os pais que vivem um momento de desestruturação de vida ao se verem diante da aposentadoria, a inadaptação da avó ao novo estilo de vida no asilo, e os conflitos no relacionamento afetivo.
Apesar de abordar diversas situações de conflitos e sofrimentos, a narrativa é leve e bem humorada, é o tipo de livro que lemos de um fôlego só. E no final constatamos, através do personagem, que se as lembranças do que vivemos são determinantes para nos fazer quem somos hoje, também podem nos servir de ponte para uma nova vida, um novo destino.