No auge da era do “Iluminismo”, os salões parisienses, comandados pelas “salonières”, eram os locais de efervescência, onde se discutia política, religião, literatura e principalmente novas idéias. Ser salonière tornou-se quase uma carreira, e era incrível o poder das mulheres que lideravam esses salões, elas eram ouvidas e respeitadas. Promoveram a carreira de muitos escritores, além de exercerem uma grande influência também no mundo das artes e da política. Ser convidado para esses salões era sinal de grande prestígio. Deles participaram dentre outros Voltaire, Rousseau, Montesquieu, Diderot, D’Alembert, Beccaria, Locke e Newton. Elas também competiam entre si, disputavam convidados espirituosos e celebridades literárias. Mme. De Rambouillet, Mme. de La Fayette e Mme de Sévigné são algumas dessas poderosas salonières.
Além de poderosa salonière, Madame de Sevigné ficou conhecida também pelas inúmeras cartas que escreveu, em torno de 1.500. Sendo que a maioria delas foi escrita para distrair sua filha, Françoise-Marguerit, que tendo casado com um tenente, nomeado por Luis XIV para ocupar um posto na Provence, se entediava com a sociedade local. Era uma maneira de mantê-la informada do que se passava em Paris e em Versailles. Além de expressarem suas emoções e amor de mãe, as cartas são um testemunho do modo de vida da sociedade e da corte de Luis XIV.
As reuniões de Madame de Sévigné aconteciam no Hôtel Carnavalet, que foi sua residência no período de 1677 a 1696. O Hôtel Carnavalet foi construído durante a renascença (1548-60), tendo recebido o nome da segunda proprietária Françoise Kernevenoy, cujo marido era conhecido por “Carnavalet”. Depois de um século, foi reformado pelo arquiteto François Mansard que lhe acrescentou mais uma ala. Mais tarde em 1866, a prefeitura de Paris adquiriu a propriedade, mas esta só foi aberta ao público em 1880. Hoje é um museu dedicado a história de Paris, desde suas origens até os nossos dias.

Fui visitar o museu numa sexta-feira pela manhã, e como tinha pelo menos umas três turmas de alunos tendo aula de história francesa, disfarçadamente peguei uma carona nas explicações da professora.
No museu, podemos visitar as trinta salas onde aconteciam os famosos “salões”, com suas decorações refinadas, e imaginar como seria em plena atividade com todos os seus convidados. No térreo, na sala 21, está a Galeria Sévigné com objtetos pessoais de Mme de Sévigné, como a escrivaninha onde escrevia as suas cartas.

Sem dúvida, uma agradável viagem pela intimidade da história de Paris, seus usos e costumes
O Museu Carnavalet fica na 23, Rue de Sévigné, 75003, Paris. Linha 1 do metrô, estação Saint-Paul, ou Linha 8, Chemin Vert. Aberto todos os dias de 10:00 às 18:00, exceto segundas e feriados. É gratuito para as exposições permanentes.
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