Foram vários os motivos que nos levaram a Rouen, capital da Normandia. Em primeiro lugar, foi para lá que Joana d’Arc foi levada, depois de ter sido aprisionada em Compiègne, e perder a vida na fogueira. É lá também que se encontra a Catedral Gótica, Notre-Dame de Rouen, cuja fachada Monet pintou nada mais do que 31 vezes e a Ponte Boieldieu, sobre o Sena, que foi retratada por Camille Pissarro, entre 1896 a 1898, em três séries. Além de Monet, e Pissarro, outros impressionistas fizeram de Rouen um verdadeiro atelier em tamanho natural. Foi lá que nasceu o movimento impressionista, quando Monet, Renoir e Sisley descobriram a luz as margens do Sena. E assim Rouen serviu de inspiração para outros pintores dessa nova forma de expressão. Foi fundada na época do império romano, mas conserva principalmente características medievais. Nada melhor do que andar e se perder por suas ruas estreitas, para conhecer e apreciar os edifícios com sua arquitetura medieval e renascentista típica da Normandia.
Rouen fica a 130 km de Paris, saindo da Gare Saint Lazare, num trem direto a viagem dura em torno de 1 hora. É uma viagem muito agradável, o tempo todo o trem segue acompanhando o curso do rio Sena. Tivemos sorte, pois apesar do frio, não estava chovendo. Ao sair da estação, caminhamos em linha reta, e logo avistamos a Tour de Jeannne d’Arc.
Essa torre, de 35 metros de altura, é o único vestígio do castelo construído pelo rei Felipe-Augusto, após conquistar a Normandia, em 1204. O castelo foi construído sobre as ruínas em forma elíptica de um anfiteatro gallo-romano, do Século II D.C., daí seu formato poligonal. Na verdade, a torre era o donjon do castelo.

Foi para essa torre que Joana d’Arc foi levada em 09 de maio de 1431 para ser submetida a tortura. Após ser apresentada aos instrumentos de tortura Joana teria dito, aos 12 juízes e 02 torturadores, “Mesmo que cortem os meus membros e arranquem a alma do meu corpo, não direi o contrário, e se disser o contrário, direi depois de ter sido obrigada a falar a força…”. Apesar de tê-los comovido, a ponto de não ter sido tocada, não foi suficiente para livrá-la da morte da fogueira.

Depois de visitar a torre, descemos pela rue de Jeanne d’Arc, e seguimos batendo perna até chegar a Place de Vieux-Marché. Apesar das muitas construções com arquiteturas características da Normandia e lojinhas de souvernirs, não é uma praça muito agradável, talvez por sabermos que foi lá que armaram a fogueira que matou Joana d”Arc. Até quatro meses antes da nossa visita, existia o Musée Jeanne d’Arc, ao lado desse antigo restaurante, cheio de bandeiras na fachada, mas foi desativado. Désolée!

Depois de uma volta na praça, seguimos nossa caminhada e chegamos a rue du Gros Horloge, um dos mais antigos relógios da Europa. Embora tenha sofrido uma reforma, pode-se ver o arco renacentista que substituiu o campanário medieval de madeira, ainda é o mesmo relógio que marcava as horas quando Joana morreu. É possível subir e conhecer sua estrutura interna, além de poder ter uma vista fantástica da cidade. Em maio de 2013, custava 6 euros a entrada.

Depois de conhecer a famosa Catedral, fomos até o Musée de Beaux-Arts, com telas de Caravaggio, Velázquez, Delacroix, Modigliani e dos impressionistas, incluindo Monet, claro. Ainda pudemos participar da 2ª edição do Festival Normandie Impressionniste.

Antes de pegar o trem de volta para Paris, fomos até as margens do Sena conhecer a paisagem e a ponte Boieldieu, retratada por Camille Pissarro. Descobrimos que alí perto, estava o local de onde foram atiradas as cinzas de Joana d’Arc no Sena. Um passeio maravilhoso, um encanto de cidade.