Moçambique

                      Tinhafoto (7) na cabeça uma imagem de Moçambique que absolutamente não correspondia a realidade. Não sei por que imaginava uma terra árida e feia, e qual não foi minha surpresa ao assistir um vídeo sobre o país, e ver como o lugar é lindo, praias belíssimas, natureza perfeita, povo simpático, animado e colorido. A única nota triste foi saber o índice de contaminação com a AIDS, segundo dados que vi, é de 1 pra 10, uma das maiores taxas do planeta. Localizado no sudeste da África e banhado pelo oceano Índico, foi colonizado por Portugal,  e só conquistou sua independência em 1975, e apenas dois anos depois começou uma difícil guerra civil que durou até 1992.  É neste cenário devastado, que se passa a história do livro da vez, Terra Sonâmbula, de Mia Couto. Ainda não tinha lido nada dele, e estava na maior expectativa.

                O livro conta a história de dois companheiros, Tuahir e Muidinga, um velho e um menino que viajam fugindo da miséria deixada pela guerra, que tudo devastou. No caminho encontram um ônibus incendiado, que utilizam como abrigo, e uma velha mala contendo 12 cadernos com o diário de Kindzu, outro viajante, também fugitivo da terra devastada. Para se distraírem da solidão e dos sofrimentos começam a ler as histórias contadas por Kidzu em seu diário. As histórias dos três personagens vão sendo contada alternadamente e a medida que avançam, vamos conhecendo a vida e os costumes do país, sua magia e o pesadelo causado pela guerra. Também vamos acompanhando a evolução dos personagens, o amadurecimento de Kindzu e o estreitamento do relacionamento entre o menino e o velho.

                Mia Couto escreve de uma forma magnífica, quase que não nos deixa tomar folego. Fiquei fascinada também pelo português de Moçambique, a forma como determinadas palavras são utilizadas. Porque não é só a utilização de palavras sinônimas, mas, o mesmo significado com uma variação diferente, como nesse trecho aqui: “A estrada não traz ninguém. Enquanto a guerra não terminasse era mesmo melhor que nenhuma pessoa estradeasse por ali.” Apesar das atrocidades da guerra, Mia Couto nos conduz por uma bela estrada.

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