Vietnã

foto (8)        Antes desse projeto, o Vietnã, para mim, estava diretamente associado a Guerra do Vietnã. Era automático, pois foram tantos filmes, tantas manifestações e depoimentos que não tinha como não associar. E o sentimento era sempre o mesmo, de revolta pelos jovens americanos que foram defender uma causa que não era a deles, e perderam a saúde, a paz e a vida. Muito pouco ou quase nada, ficamos sabendo sobre a realidade do Vietnã como país, sua cultura e costumes, e como os conflitos que deram origem a guerra, afetaram a população. Viajar até o Vietnã através dos olhos de Duong Thu Huong, foi fascinante, uma excelente oportunidade de conhecer o país. A autora do livro escolhido Les Paradis Aveugles, nasceu no Vietnã em 1947, e aos vinte anos, já dirigia a brigada da juventude comunista, que foi enviada ao fronte durante a guerra. Advogada dos direitos humanos e das reformas democráticas, sempre defendeu suas convicções políticas, através de seus livros e de seu engajamento político, o que lhe valeu a expulsão do partido comunista em 1990, e a prisão de forma arbitrária, sem direito a processo. Atualmente ela vive em Paris, depois de ter vivido em prisão domiciliar em Hanói. Seu livro, Terre des Oublis, alcançou enorme sucesso na França, em 2006, e lhe valeu o Premio das leitoras de ELLE, 2007.  Embora tenha sido uma das escritoras mais populares  no seu país, seus livros foram proibidos de serem publicados lá, sendo no entanto, traduzidos no mundo inteiro.

                      Les Paradis Aveugles conta a história de Hàng, uma jovem vietnamita que vive e trabalha como operária numa fábrica de tecidos em Moscou.  A história se inicia no momento em que ela resolve atender um pedido de ajuda de tio Chinh, que lhe enviou um telegrama informando que se encontra doente. No trem que lhe levará ao encontro do tio, ela recorda seu passado doloroso, como a reforma agrária promovida pelo partido comunista, do qual seu tio é um membro ativo, afetou e destruiu não só a vida de seus pais, mas de toda sua família. E como o comportamento da mãe, agindo sob a alegação de respeito às tradições familiares, contribuiu para tornar a vida dela um suplício. Através do relato de Duong Thu Huong, podemos conhecer outra forma do sistema comunista, que já tinha acompanhado nos livros da Bulgária, e do Camboja. Embora a história de vida de  Hàng seja de dor e sofrimento, a leitura é leve e agradável, e a viagem ao Vietnã extremamente enriquecedora, onde podemos ter uma maravilhosa visão das tradições dos vietnamitas, sua gastronomia, usos e costumes.

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