Assim que vi as paisagens das montanhas no Uzbequistão, fiquei encantada com a beleza e animada para mergulhar no livro escolhido, “A poet and Bin-Laden” de Hamid Ismailov. Dessa vez, no entanto, a pesquisa precisou se estender um pouco além das fronteiras físicas, já que meu conhecimento sobre o tema do livro, o islamismo, era tão insignificante, que até pra dar a largada precisava de um mínimo de conhecimento. A medida que fui avançando na leitura, fui ficando intrigada com o clima de guerra e terror que a narrativa vai deixando no ar, e me perguntava se atualmente, a vida no país seria tão perigosa como o livro deixava transparecer. Voltei para as pesquisas, e através dos relatos de viagens, em vários blogs, pude confirmar minha impressão inicial, de que o Uzbequistão, é sim de uma maravilhosa beleza natural, de uma cultura exótica, e o melhor, podemos visitar o pais tranquilamente e em segurança.
Mas voltando ao enredo do livro, trata-se da biografia do poeta uzbeque Belgi, e de sua estranha trajetória de vida. O autor nos envolve em suas indagações, para tentar entender o que levou, Belgi, um poeta seguidor da doutrina sulfi, adepto da natureza, a terminar seus dias, como guerrilheiro junto aos membros do grupo do Taliban, nas montanhas do Alfeganistão. Para entender como tudo se passou ele refaz toda a trajetória de vida de Belgi, nos conduzindo a realidade do pais, que pertenceu a extinta União Soviética e só em 1991 recuperou sua independência. Desde então o país é governado pelo presidente Islam Karimov, e vive em conflito com os fundamentalistas muçulmanos. Paralelo a história de Belgi, o autor relata situações reais de guerras e conflitos, vivenciados no pais, juntando documentos e depoimentos para ilustrar a narrativa. Apesar de tornar a leitura cansativa, e difícil de assimilar, não deixa de ser bastante esclarecedora sobre a cultura, o islamismo e a história do pais, se encaixando muito bem. nesse nosso desejo de viajar e conhecer o mundo que o #198livros tem viabilizado.
Para mim, a grande questão que o autor coloca para o leitor, é saber se a transformação do poeta em guerrilheiro, foi voluntária, ou foi levada a ela pelo destino. No final da narrativa, ele coloca uma história supostamente escrita pelo poeta, que me pareceu ser uma forma de esclarecer sua escolha. Mesmo com toda dificuldade, gostei muito de ter feito essa viagem.