Romênia

    IMG_2438 (1) Não tem como ouvir o nome do país sem associá-lo imediatamente a Nadia Comaneci, estrela do meu esporte favorito, e que o colocou no mapa, depois do feito excepcional na Olimpíada de Montreal, em 1976.  Também sofreu os horrores praticados pelo líder comunista Nicolaie Ceausescu, durante o período que ficou no governo, de 1965 a 1989, quando foi executado. Nadia não suportou as perseguições e fugiu para os EUA em 1989. Esse também foi o caminho seguido pela escritora Herta Müller, ao fugir com o marido para a Alemanha Ocidental, em 1987.  Os pais de Herta eram romenos de origem alemã, por isso viveram e sofreram com a II Guerra Mundial. O pai prestou serviço nas Waffen SS, tropa de elite nazista chefiada por Himmler e a mãe que era uma simples camponesa, foi deportada para a União Soviética em 1945, destino dos romeno-alemães, passando 5 anos num gulag, campo de trabalho forçado, na atual Ucrânia. Herta nasceu, em 1953, em Niţchidorf, na região de Banat, Oeste da Romênia. De acordo com a própria escritora, ela não escreve sobre o passado como uma escolha, mas a força do que viveu tem um peso tão forte que não tem como fugir. “Não supero nada. Superar é uma palavra muito positiva. Ao escrever, conseguimos compreender melhor o passado“.

     No livro escolhido para representar a Romênia, O Compromisso, Herta Müller revive o passado e as experiências pessoais denunciando toda a opressão que foi a ditadura de Nicolaie Ceausescu, as humilhações que ela mesma vivenciou. No romance, a protagonista é uma operária que trabalhava numa fábrica de confecções, e para realizar o sonho de viver na Itália, país ocidental e livre, para onde as roupas são exportadas, coloca nos ternos bilhetes, onde se identifica e se oferece em casamento. Após ser denunciada, é convocada para depor, todas as segundas, quartas, quintas e sábados, as 10h em ponto. Durante o trajeto, que não dura mais que uma hora e meia, ela vai revivendo o passado, toda a trajetória de uma triste vida, numa sociedade apática, sem perspectivas. Herta Müller usa a poesia para descrever toda a tristeza e sofrimentos vividos: “Quando caminhava, eu nem percebia que havia algo de belo lá em cima no céu, e que na terra não havia nenhuma lei proibindo olhar para cima. Portanto, era permitido roubar um pequeno encantamento do dia, antes que a fábrica o tornasse miserável.”  Não é uma leitura fácil, apesar da poesia, pelo universo denso dos pensamentos da narradora, que vai e volta ao passado, alternando com a descrição do seu cotidiano, e daquele das demais pessoas vítimas da ditadura de Ceausescu. Um livro que vale a pena! O Compromisso foi publicado em 1997, e traduzido para o português por Lya Luft. Herta Müller ganhou o Prêmio Nobel de Literatura, em 2009.

 

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