A expressão “República das Bananas” foi utilizada pelo escritor americano William Sydney Porter, no conto O Almirante, de 1904. A história do conto se passa num país fictício chamado Anchúria, descrito como uma “pequena república de bananas”. O termo usado numa ficção, terminou sendo usado de forma pejorativa para designar literalmente os países pobres da América-latina, produtores de bananas e dependentes da renda das empresas americanas. Apesar do escritor, também conhecido como O. Henry, referir-se a um país fictício, acredita-se que ele se baseou em Honduras, país onde ele residia na época. A situação vivenciada por Honduras era semelhante aquela vivida por Costa Rica, onde a empresa americana United Fruit Company, hoje Chiquita Brands International, controlava praticamente a economia e a política do país. Os pequenos proprietários costarriquenhos, mesmo soberanos em suas fincas, não podiam exportar sua produção diretamente aos mercados internacionais, sendo obrigados a vender toda sua produção à United e assim acatar as condições da Companhia, que quase sempre lhes eram desfavoráveis.
No livro escolhido para representar o país no projeto, Puerto Limón, o autor, Joaquín Gutiérrez Mangel, se baseou num fato real, a Greve do Atlântico, em 1934, que teve a adesão de quase 10.000 trabalhadores, para construir sua história. Os grevistas queriam melhores condições de trabalho, como soro para mordidas de cobra, receber o salário em dinheiro e não apenas em cupons a serem usados em lojas da própria companhia, dentre outras reivindicações. O protagonista, Silvano, está retornando para casa dos tios, depois de quatro anos em um internato para concluir os estudos. O tio, é um próspero proprietário de uma finca, situada em Siquirres, e esse também deverá ser o provável destino de Silvano, momentaneamente sobrestado em função da greve que assola o país. Devido as tensões existentes entre os grevistas, e peões da finca, Silvano e o tio são obrigados a permanecerem em Límon, onde vivem a tia e a prima, Diana. Silvano não se identifica com o trabalho que o espera na finca, como produtor de bananas, nem com a sociedade burguesa do qual faz parte. Durante o período da greve, quando as circunstâncias fazem com que tenha uma maior convivência, o sentimento de inadequação só aumenta. Existe ainda a análise que faz do movimento grevista, e que o faz concluir que a luta dos grevistas é legítima, o que de uma certa maneira o coloca numa situação desconfortável, tanto de um lado como do outro. Ele sabe que com o fim da greve, seu destino será selado, e aí o que fazer?