Algum sentido deveria haver para a existência de tantos países com o mesmo nome, são nada mais do que quatro guinés, três na Africa(Guiné-Bissau, Guiné e Guiné Equatorial), e mais uma na Oceania(Papua Nova Guiné). Mas na verdade, até onde pesquisei, não existe unanimidade em torno da origem do nome, para uns teria cunho racista, para se referir a pessoas de pele negra; para outros poderia ser uma derivação de “Djenné”, cidade as margens do rio Níger; ou ainda poderia estar relacionada ao reino medieval de Gana. Nosso destino, dessa vez, é a antiga “Guiné Francesa”, atual Guiné, e também chamada de Guiné-Conacri. Foi colônia da França, de meados do século XIX, até o ano de 1958, quando conquistou sua independência. A Guiné é um país muito pobre, e com uma história semelhante a de muitos outros países africanos, que depois de muita luta para a conquista da independência e da liberdade, são vítimas da ambição pelo poder dos próprios conterrâneos, mergulhando em guerras civis, que arrasam o país, ao invés de encontrarem a paz. No caso da Guiné, Sékou Touré, tornou-se presidente, a partir da independência até sua morte, em 1984. Durante sua gestão, instalou o regime ditatorial, suprimindo direitos humanos, o que levou milhares de pessoas ao exílio. A intolerância do presidente não se restringia só ao relacionamento interno, as péssimas relações externas levaram o país ao isolamento, prejudicando a economia do país.
Camara Laye, nasceu em 01 de janeiro de 1928, na cidade Kouroussa, antiga Guiné Francesa. Quando escreveu o romance O Menino Negro, ele já estava estudando em Paris, para onde se mudou em 1946, graças a uma bolsa que recebeu para cursar engenharia mecânica. O livro, que foi publicado em 1953, é uma biografia do autor, abrangendo a infância e adolescência até o período que deixa o país para estudar na França. É uma maravilhosa descrição dos momentos mais marcantes por ele vividos. Graças aos relatos de Laye podemos conhecer os costumes do país, tanto na cidade como no interior. A forma de relacionamento em família, as amizades, os conflitos escolares, as tradições e os costumes na colheita, nos ofícios, na iniciação ao mundo adulto num universo totalmente diverso do nosso. Essa forma de descrever uma infância feliz, assim como fez Olympe Bhêly-Quenum, no romance Un enfant d’Afrique não foi bem aceita pelos intelectuais africanos e europeus da época, que não aceitavam que se produzisse nenhum trabalho que não contivesse uma critica ao colonialismo. Não o perdoavam por bradar ao mundo o orgulho de ser africano, e mostrar suas tradições e costumes com alegria. Achei maravilhoso poder realizar essa pequena viagem por mais um país da África, e melhorar meu entendimento do mundo como um todo.