Como ainda não visitei o Vaticano, mesmo sabendo que era considerado um pais, imaginava que se restringia apenas a Praça e a Basílica de São Pedro. Mas eu estava completamente equivocada, embora seja o menor país do mundo, vai além da minha imaginação, por isso achei interessante saber que tem fronteiras, rádio, jornal, farmácia, correio, estação de trem, museu, praças, igrejas, etc. E sendo a sede da Igreja Católica Apostólica Romana, o Papa além de autoridade máxima da igreja, também é o chefe absoluto dos poderes executivo, legislativo e judiciário.
O livro escolhido para representar o país, O Homem que não queria ser Papa, foi escrito por Andreas Englisch, jornalista alemão, especializado em Papas, e correspondente alemão no Vaticano desde 1987. Neste livro ele traça um perfil do papa Bento XVI, e do papado, que se iniciou em 2005, após a morte de João Paulo II, e terminou em fevereiro de 2013, depois de ter renunciado. Bento XVI não era um papa carismático, para mim inclusive, nunca inspirou muita simpatia, muito conservador, e aparentava mesmo ser simpatizante do nazismo. Após a leitura do livro, passamos a entender melhor quem era o papa e porque passou essa imagem para mim, e para um mundo de gente. Ele faz uma análise da personalidade de Joseph Ratzinger, um teólogo, um estudioso, que não tinha perfil para ser papa, e nem queria, conforme afirmou em algumas ocasiões, e como isso repercutiu na sua atuação como sumo pontífice. Foram muito erros cometidos pelo papa, que poderiam ter sido evitados se tivesse contado com a ajuda da Cúria Romana, o que leva a crer que o papa foi boicotado pela própria Cúria Romana. Com sua vivência e conhecimento nos assuntos do Vaticano, Andreas Englisch vai relatando os dramas vividos por Bento XVI, e os bastidores da Igreja Católica, sua política e disputa pelo poder.
Vale a pena a leitura do livro, apesar de ter sentido algumas falhas de concordância verbal e erros de digitação, por conta da tradução, e um hiato entre o final do livro que se passa em 2011, e o discurso de renúncia do Papa em 2013. Fiquei achando estranho até descobrir que o livro tinha sido originalmente escrito e publicado em 2011, e assim tinham ficado de fora os últimos acontecimentos como Jornada Mundial da Juventude em Madri e os escândalos do Vatileaks e das contas do Instituto para as Obras Religiosas (o famoso Banco do Vaticano). E que as falhas na tradução, foram o resultado da pressa das editoras para publicar o livro no Brasil, após terem sido surpreendidas com a renúncia do papa.