Somente após a primeira guerra mundial, foi que a Estônia pode se estabelecer como país, e mesmo assim, por um curto período(1918-1940). Até então, eram um povo buscando uma identidade como nação. Estiveram sob domínio dos finlandeses, suecos, dinamarqueses, alemães e russos. O domínio russo começou a partir do final do século XVIII, quando foi anexado ao Império Russo, depois de sucessivas guerras. Foi durante esse século que foram criadas as universidades no país, propiciando um maior crescimento e valorização da cultura estoniana, e da utilização do idioma estoniano. Precisei fazer uma pequena pesquisa da história da Estônia, para poder me situar no contexto histórico em que se passa o romance O Louco do Czar, de Jaan Kross, escolhido para representar o país no #198Livros.
Jaan Kross, nasceu em Tallin, em 1920, e formou-se em direito internacional, na Universidade de Tartu. Foi professor até 1946, desta mesma matéria, e professor de Artes Liberales em 1998. Por suspeita de “nacionalismo”, ou seja de militar pela soberania de sua pátria, passou 10 anos preso, tendo sido foi deportado para a Sibéria. Desses 10 anos, 06 passou no Gulag de Vorkuta. Ele é um dos escritores estonianos mais conhecido e traduzido, sendo sua principal característica, o relato da história e cultura do povo estoniano.
De todos os romances de Kross, O Louco do Czar é o mais conhecido e traduzido (14 idiomas). Conta a história do coronel Timoteus von Bock, um nobre, barão do báltico, ex-ajudante de ordens do czar Alexandre I, e um dos seus amigos mais chegados. No entanto, esta amizade não impediu que Timo fosse enviado para a masmorra por nove anos, e declarado louco, além de passar a ser alvo de rigorosa vigilância, depois que foi libertado, sem poder sequer se ausentar de sua propriedade. Qual teria sido o crime cometido por uma pessoa que gozava da mais alta estima e confiança do czar? Foi seu cunhado, Jakob Mettich, um camponês e servo emancipado, assim como Eeva, a irmã, com quem Timo se casou, quem relata suas descobertas num diário secreto. OJakob descobre que Timo havia enviado ao soberano, a quem tinha se comprometido de sempre dizer a verdade, um projeto de Constituição Liberal, como forma de deter o poder absoluto dos czares autocratas da Rússia. Os fatos relatados no livro são reais e foram extraídos desse diário, que se inicia a partir do retorno de Timo da prisão, em maio de 1827, e continua por uma dezena de anos. Durante a narrativa, ele nos leva a conhecer a fascinante personalidade de Timo, o grande amor que viveu com sua Eeva, a sociedade da época, e a busca da Estônia pela sua identidade como nação, sem dúvida um excelente romance. Vale a pena a leitura.