Bélgica

 A primeira vez que ouvi falar de Amélie Nothomb, uma escritora belga, foi durante minhas aulas de francês na Aliança Francesa. Estudei trechos do livro Stupeur et Tremblements, na Aliança do Recife, e características de sua personalidade exótica, na de Paris, e foi lá, que, passando por um sebo, avistei Hygiène de l”Assassin. Na época, já participava do projeto 198livros, e logo decidi que esse seria o escolhido para representar a Bélgica. Amélie Nothomb, é filha de um diplomata belga, nasceu em 13 de agosto de 1967, em Kobe, no Japão, onde viveu até a idade de cinco anos. O Japão, junto com a Bélgica, foram os países que constituíram sua identidade cultural.

Hygiène de l’Assassin foi o primeiro romance de Amélie, publicado em 1992, vendeu milhares de cópias, e foi trazido para o Brasil em 1998. De lá para cá, Amélie já publicou mais de 20 livros e recebeu vários prêmios, entre eles: Grande Prêmio do Romance da Academia Francesa; Grand Prix Jean Giono; Prix de Flore 2007. No livro, a escritora nos conta a história de Prétextat Tach, um prêmio Nobel da Literatura, que aos oitenta e três anos, descobre que tem um tipo raro de câncer nas cartilagens e que não tem mais que dois meses de vida. Quando chega ao conhecimento do publico, a proximidade de sua morte, jornalistas do mundo inteiro solicitam entrevistas privadas com o escritor. Ele que é um monstro de obesidade e misantropia, resolve conceder cinco entrevistas, pré selecionadas por seu secretário, de acordo com sua orientação. Elimina todos os jornais de línguas estrangeiras, pois ele só fala francês e não confia em nenhum intérprete; não aceita jornalistas negros, pois com o tempo se tornou racista; afasta canais de televisão, revistas femininas, jornais políticos e principalmente revistas de medicinas. Foi no dia 10 de janeiro, que a notícia de sua morte iminente, chegou ao conhecimento do público, e no dia 14, tem início a primeira das entrevistas com os jornalistas selecionados. Prétextat reflete em sua aparência obesa e asquerosa, o seu interior amargo e desagradável. Com os quatro primeiros, ele recebe mal, demonstra todo o seu desprezo pelos jornalistas, duvida da capacidade de ler e entender os seus livros, tortura-os a ponto de fugirem assustados. Até que chega a quinta jornalista, uma mulher. Nina, é uma jornalista-detetive, leu todos os seus livros, investigou suas origens e vai virar o jogo. As perguntas simples vão evoluir para um interrogatório, encontrando no passado o crime escondido em sua literatura. O livro é feito basicamente de diálogos, porque segundo a autora nenhuma forma de escrita se aproxima tanto da tortura.. Um romance eletrizante, com um final surpreendente.

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