Letônia

Ambientado na Letônia, durante a ocupação russa, entre os anos de 1969 e 1989, este romance narrado nas vozes de mãe e filha, relatam de que forma o domínio soviético afetou e definiu a vida de três gerações de mulheres.

‘ A mãe, uma brilhante estudante de medicina em Riga, tem a oportunidade de complementar os estudos na área de ginecologia, em Leningrado. No entanto, sua promissora carreira como médica ginecológica, é frustrada, quando um triste acidente, com um velho soldado, transforma toda sua vida. Como forma de punição, é banida de Leningrado para administrar um centro ambulatorial na área rural da Letônia, para onde se muda, levando a filha, que vivia com a avó e o padrasto, em Riga.

A mudança não é fácil para elas, pois enquanto a mãe vive a frustração da carreira de cientista interrompida, a filha, além de se ver privada do amor e segurança que recebia da avó e do padrasto, tem que lidar com personalidade conturbada da mãe. É através do simbolismo do leite, que a escritora manifesta toda a sua insatisfação com o sistema de dominação soviética, a mãe não consegue amamentar a filha, por achar que seu leite era amargo: “o leite da incompreensão, da extinção, eu protegi minha criança disso”. E por isso, mais tarde, a filha desenvolve uma aversão ao leite que toda criança na escola era obrigada a beber.

            É uma história triste, mas que entrega muito do que foi a vida na Letônia sob a dominação soviética. Foi escrita por Nora Ikstena e traduzida para o inglês por Margita Gailitis.

Nora Ikstena, nasceu em 15 de outubro de 1969, em Riga, Letônia. Depois de se formar em filologia na Universidade da Letônia, em 1992, ela foi estudar literatura inglesa na Universidade de Columbia. Publicou seu primeiro livro em Celebration of life, em 1998. E desde então já escreveu mais de 20 livros. Soviet Milk ganhou o Prêmio Anual de Literatura Letã 2015, pela melhor prosa, tendo sido traduzido para o inglês em 2018.

Síria

No Knives in the Kitchens of This City, de Khaled Khalifa, foi o romance escolhido para representar a Síria, no projeto #198 Livros. Antes de iniciar a leitura, fiz questão de pesquisar um pouco sobre a história da Síria, a fim de poder entender melhor a situação política do país, no período em que foi ambientada a história, ou seja entre os anos 60 e 2000. O romance se desenvolve na cidade de Aleppo, e termina vários anos antes da guerra civil.

Khalifa Khalifa, nasceu em Aleppo, Síria, em 1964. Se formou em artes, pela Universidade de Aleppo. Escreveu roteiros para TV e cinema, poesia e prosa, sendo No Knives in the Kitchens of This City, seu quarto romance. Vive em Damasco.

Khalifa, conta a história de uma tradicional família, mãe e quatro filhos, que se mudam de Midan Akbas, uma pequena vila ao sul da fronteira com a Turquia, para Aleppo, cidade natal da mãe, depois que esta é abandonada pelo marido. O romance é narrado por um dos filhos, que não se identifica nem revela muito sobre si mesmo, nem mesmo o nome. Revela que seu nascimento ocorrido poucos dias antes do golpe de 1963, não é um bom sinal, pois o associa a situação política do país, vítima de um regime opressor e cruel, que leva a violência e decadência, saqueando e sufocando de suas vidas qualquer possibilidade de felicidade. Cada personagem, será retratado por ele, sendo os mais importantes, além da mãe, uma professora, oriunda de uma tradicional família de Aleppo; Suad, a irmã, mais nova, que morre cedo devido a uma deficiência, e que provoca atritos entre os irmãos e a mãe, pois tem vergonha da doença da filha, e a esconde da sociedade, causando a indignação dos filhos; Swasan, a irmã vibrante, sensual, que vive intensamente seus extremos, dos relacionamentos aos propósitos de vida, na expectativa de alcançar a salvação; Rashid, o irmão músico, depressivo e perdido na vida; Nizad, tio deles, o irmão mais ligado a mãe, e que sofre muito preconceito por parte da família, e da sociedade, pela sua homossexualidade, mas nem por isso abre mão de vivê-la intensamente, o que o torna um dos personagens mais bem estruturados do romance.

O romance se desenvolve em círculos e camadas que vão e vem, liberando aos poucos as informações sobre os personagens, aprofundando dessa forma o conhecimento sobre a personalidade de cada um. No entanto, a narrativa torna-se, algumas vezes, lenta e difícil de seguir.

Foi publicado pela primeira vez em árabe, em 2013, e traduzido para o inglês em 2016, por Leri Price. Foi o vencedor do The Naguib Mahfouz Medal for Literatura.

Uma Pequena Volta ao Mundo.

                            Interrompendo minha série de posts sobre a viagem do ano passado(2019), e ao mesmo tempo retornando ao blog depois de uma longa ausência, para escrever sobre essa incrível viagem, da qual a família toda acabou de retornar. Foram apenas dois países, EUA e Japão, mas devido a situação geográfica desses países, e a logística das passagens, demos literalmente a volta ao mundo, pois saímos de Recife por um lado do globo terrestre e voltamos pelo outro. Essa lógica está perfeitamente de acordo com a minha teoria, de aproveitar qualquer oportunidade para viajar. E mais uma vez, um casamento criou a oportunidade, dessa vez foi no Hawaii, destino paradisíaco que sonhava conhecer. Olhando no mapa, vi que o Hawaii ficava ali, no meio do nada, entre dois continentes, que o destino mais perto era o Japão, então pensei já que estaríamos tão perto, porque não dá um “pulinho” lá, e já ticar esse destino? Todos concordaram e ainda incluímos Nova York, porque tínhamos uma escala nessa cidade, então resolvemos esticar por dois dias. Foi uma viagem incrível, nós cinco juntos desbravando o mundo. E o roteiro ficou assim, saímos de Recife, pela Azul, direto para Fort Lauderdale, e como a conexão era grande, aproveitamos para dar um rolé na cidade, antes de pegar o voo da JetBlue para Nova York. Pegamos um táxi, e depois de dar uma volta, pedimos ao motorista para nos deixar na praia, e fomos procurar um restaurante para jantar.

                                                              Vista do restaurante para a beira-mar.

 

Passeando pela orla

Lauderdale Beach

                        O local era bastante animado, com muitas opções de bares e restaurantes com musica ao vivo, inclusive o que escolhemos. Depois de jantar e passear pela praia, voltamos para o aeroporto para descansar. Nosso voo sairia de madrugada, achamos que não valeria a pena ir para um hotel, pois o tempo era curto para entrar e sair de um hotel, e assim passamos nosso primeiro ‘perrengue chique’. Nos deitamos no carpet no chão para dormir, enquanto chegava a hora do voo. O único problema, foi o frioo!

                                                Um pouco do relax

                          Depois de dois dias em NY, voamos pela Delta, para Honolulu, com escala de uma hora em Los Angeles. Ficamos quatro dias em Honolulu, na ilha de Oahu, e depois fomos e voltamos para Maui, pela Hawaii Airlines, onde ficamos por dois dias e aonde foi realizado o casamento. De volta a Honolulu, voamos para Tóquio, pela mesma companhia aérea, Hawaii Airlines. Depois de quatro dias em Tóquio, pegamos o trem bala para Kyoto, onde ficamos por três dias, e fizemos o caminho inverso para Tóquio, onde pegamos o voo Tóquio-São Paulo, pela Ethiopian Airlines, com escala em Seul e conexão em Adib. Farei um post para cada destino,

O Azul de Capri

                        Capri, foi o último destino, que tinha planejado visitar, antes de iniciar meu intercâmbio em Reggio Calabria, durante o mês de abril/2019. Assim, como Pompéia e Herculano, esse destino estava na minha lista de lugares de sonhos a visitar. Para chegar em Capri, a partir de Nápoles, existem dois terminais de onde saem os barcos: Molo Beverello e Calata di Massa. Do primeiro saem os barcos mais velozes(aliscafi), e consequentemente mais caros, em março/2019 custava 22,00 euros; e fica mais próximo para quem está vindo de Chiaia, onde estávamos hospedados. Como não havíamos comprado com antecedência, pegamos esse barco, porque era o próximo a sair, depois que chegamos ao terminal.

Este foi o que pegamos na volta, são balsas, mais lentas

                       Na volta, fizemos da mesma forma, pegamos o primeiro que estava previsto para sair, e nesse caso foi o barco mais lento(balsas), custou em torno de 12,00 euros, e descemos em Calata di Massa. Claro, que antes de sair para conhecer a cidade, demos uma olhada prévia nos horários dos barcos, para ter uma ideia de quanto tempo podíamos dispor. A primeira coisa que fiz ao chegar, foi procurar saber os horários dos barcos para a Gruta Azul.

Minha tristeza, por não conhecer a Gruta Azul-SQN

                      Mas não foi dessa vez, foi com tristeza que descobri que naquele dia os passeios para a Gruta Azul estavam interditados por conta da maré. Mas não dá para ficar triste em Capri, com todo aquele azul em volta, e como reza a lenda, sempre devemos deixar um motivo para voltar, então vai ser conhecer a Gruta Azul e as ilhas em volta, como Procida, recomendada por um amigo, onde foi filmado O Talentoso Ripley e O Carteiro e o Poeta.

Muito azul e pouco sol

                        Depois de passear pela praia, pegamos o funicular para subir para o centrinho, ou a cidade propriamente dita. Essa subida também pode ser feita por escada, táxi ou ônibus.

Vista da subida

Vista de Capri durante a subida do funicular

                       O centrinho de Capri, é um charme, seguindo naturalmente o padrão de beleza da natureza que a envolve. São inúmeras lojinhas, com marcas de griffe, produção local, artesanato, alimentação, etc. Eu fiquei deslumbrada com aquela fofura em forma de cidade, mas resolvemos parar para comer alguma coisa, optamos por pizza, vinho e vista para o mar.

Olha o charme das placas de Capri

Breve parada

Charme em toda parte

Por onde a vista alcançar

Piazzeta

Depois de caminhar por toda a cidade, comprar souvenir e tomar sorvete, paramos na piazzeta para tomar um café gourmet com todo estilo!

Cingapura

Inicialmente tinha escolhido, Fistful of Colours, de Suchen Christine Lim, para representar a Cingapura, mas encontrei muita dificuldade para conseguir um exemplar, não tinha no kindle, e nem consegui que a amazon entregasse no Brasil. Resolvi então “move on’ e escolher outro. Terminei me decidindo pelo romance de Kevin Kwan, Asiáticos Podres de Ricos, uma leitura bem leve para dar um descanso dos temas bem pesados que costumo ler neste projeto. O romance, que é o primeiro de uma trilogia, foi baseado na vida do autor, e retrata a vida de ostentação dos multimilionários de Cingapura. Segundo o autor em entrevista ao The Washington Post , “É um livro muito específico, sobre uma parcela da sociedade muito específica. É uma sátira, como se eu colocasse uma lente sobre a situação e permitisse que cada um tirasse suas próprias conclusões sobre.”

De forma bem humorada, Kevin Kwan, conta a história de Rachel Chu e Nick Young, dois jovens professores universitários de ascendência oriental, que moram em Nova York, e vivem uma vida tranquila e feliz, num relacionamento que já dura dois anos. Mas tudo muda, quando Rachel aceita o convite de Nick, para passar as férias em Cingapura, e acompanhá-lo no casamento do seu melhor amigo. Ela não poderia nunca imaginar que ele era o herdeiro de uma das famílias mais ricas de Cingapura, e o solteiro mais cobiçado da Ásia, e que o casamento de Colin era o acontecimento do ano. De forma sarcástica, o autor vai mostrando a hierarquia das famílias de Cingapura, o narcisismo e preconceito ali enraizados, bem como a opressão exercida principalmente sobre as mulheres. Mas não é só sátira, e os problemas de Rachel com a família de Nick que Kwan descreve, tem também um olhar sobre os deslumbrantes cenários da Ásia, além das comidas, que me deixaram com água na boca. Quando for visitar Cingapura, já sei até onde devo ir para comer as deliciosas comidas do país. A leitura é leve e bem humorada, e consegue nos prender até o final do romance.

Índia

Estava na dúvida sobre qual livro ler para a Índia, pois havia muitas indicações, mas bastou ler a sinopse de “O Deus das Pequenas Coisas” de Arundhati Roy, para que me decidisse por ele.  Arundhati, nasceu em Kerala, na Índia, em 1961, estudou arquitetura e trabalhou em cinema como designer de produção e roteirista. É uma ativista dos direitos humanos e causas ambientais. Esse foi o primeiro livro da autora, ganhou o Prêmio Booker Prize de 1997.

A história tem início com o retorno dos gêmeos fraternos Estha e Rahel, já adultos, à Ayemenem, cidade do estado de Kerala, sudoeste da Índia. Eles, apesar de serem gêmeos fraternos, têm uma ligação visceral, quase siamesa, e foram separados depois da noite do terror, há 23 anos. Só saberemos o que se passou nessa noite, e em todos os desdobramentos que se seguiram, e que afetaram toda família, no final do livro. A autora, vai soltando aos poucos, as características de cada personagem, e como a estrutura familiar, extremamente conservadora, numa sociedade dominada pelo sistema de castas, contribuiu para aprisionar todos os membros da família, num looping de infelicidade, até o desfecho trágico. Partindo da perspectiva dos gêmeos, a família é composta pela mãe divorciada: Ammu, que precisou sair de casa para fugir da violência, e como não tinha dote, casou com o primeiro que aparaceu, solução essa, que se revelou ineficaz, uma vez que o marido era alcoólatra e abusivo, e após o divórcio, ela volta para casa com os gêmeos, mas sem perspectivas, por ser mulher e divorciada, sem espaço no universo familiar e na sociedade; a avó, de personalidade forte, mas vinda de um casamento abusivo, só tem olhos para o filho homem Chacko; a tia-avó, amarga, que viu todos os seus sonhos desmoronarem por um amor não correspondido; um tio perdido, parado no tempo, sem forças para seguir em frente. Com a chegada da prima Sophie, filha do tio Chacko, nascida na Inglaterra, branca, e que mereceu ser amada desde o princípio, os gêmeos, aprendem que existem “leis do amor”, que podem definir quem deve ser amado, e o quanto.  É um livro fantástico, uma história extremamente triste, mas que não se pode ignorar.

Macedônia

Não foi difícil encontrar um livro para a Macedônia, na verdade eu nem cheguei a  procurar, porque decidi pegar carona nas pesquisas das meninas (Camila Navarro e Luciana Malheiros) do projeto 198 Livros, pois já sabia, que não haveria muitas opções, pelo menos com fácil acesso. O livro em questão foi o The Last summer in the Old Bazaar, da macedônia Vera Bužarovska, nascida em 1931, em Bitola, Macedônia, e morta em 2013, em Skopje.Vera começou a carreira de escritora em 1962, tendo publicado mais de 40 trabalhos de prosa e poesia, tanto para adultos como crianças.

The Last Summer in the Old Bazaar, foi publicado em 1974, e trata-se de uma autobiografia da autora, durante sua infância em Bitola, no período em que aconteceu a segunda guerra mundial. A maior parte da história acontece no “Velho Bazaar”, onde brotam todos os talentos e onde tudo acontece, um verdadeiro termômetro da vida em Bitola. É lá que fica o restaurante de Gazda Mito, onde a narradora Oli, trabalha, junto com seus dois amigos, Sami e Leon, quando não estão aprontando. Por meio dos relatos de Oli, nós percebemos as dificuldades, cada vez maiores, causados pela guerra, a terrível ameaça que a chegada dos alemães provocam na cidade, a perseguição aos judeus. Esses, no entanto, são o pano de fundo da história, que nos conta também, da amizade entre três crianças, do amor que essa amizade faz brotar, que faz com que queiram conhecer os sonhos uns dos outros. Que se importem tanto, ao ponto de usar toda a força e a coragem necessários para conseguir realizá-los. Uma história sensível, que nos toca o coração.

ITÁLIA: Herculano e Pompéia

                              Numa noite do mês de outubro, mais precisamente no dia 24, do ano 79 da era cristã, segundo descobertas mais recentes, Vesúvio explodiu, destruindo e soterrando algumas cidades italianas(Pompeia, Herculano, Oplontis, Stabiae e Boscoreale). Estas cidades só foram descobertas no século XVI, quando o arquiteto italiano Domenico Fontana tentou abrir um túnel no monte La Civita. Mas as escavações só começaram em 1738 a mando do Rei da Espanha Carlos III. Hoje, é um parque arqueológico protegido pela UNESCO. E era um dos lugares que havia listado para conhecer, e que estava no meu roteiro nessa viagem. As ruínas de todas essas cidades, acima listadas, estão abertas a visitação, porém para fazer um bate e volta a partir de Nápoles, como fizemos, só dá para visitar duas. Decidimos visitar Herculano e Pompéia. Para chegar lá, pegamos a linha Circumvesuviana de trem, e descemos primeiro em Herculano, pois sabia que era menor, paramos na estação Ercolano Scavi, e depois de pegar o mesmo trem continuamos, e descemos em Pompei – Scavi villa dei misteri.  

HERCULANO

                   A nova cidade de Herculano foi construída em cima das ruínas da antiga. Chegando na estação, só precisamos seguir em frente, e logo já avistamos o sítio e as ruínas, ao mesmo tempo em que temos uma visão fantástica do mar.

Herculano

Herculano

Visão das ruínas com o mar ao fundo

                          Nós não chegamos a descer para o sítio arqueológico onde estão as ruínas, pois achei que ficaria muito cansativo, uma vez que ainda iríamos para Pompéia, e que não posso negar que era meu foco, além de ser bem maior, do que Herculano. Mas me arrependi deveria ter descido lá também, pois devido a circunstâncias naturais, a cidade ficou mais preservada. Como o vento soprava para o outro lado, logo que houve a explosão do Vesúvio, formou-se uma coluna de cinzas muito aquecidas que atingiu a cidade, ficando soterrada. No entanto, as cinzas preservaram os prédios.

                            Mas na hora, não pensei nisso. Eu já estava tão deslumbrada com o que estava vendo, a paisagem, as ruínas e a presença do Vesúvio lá no fundo, que achei que era suficiente. Mas escrevendo o post, e depois de ver algumas fotos das pinturas, bateu o arrependimento. Mas enfim, seguimos em frente.

POMPÉIA

                          Voltamos para a estação, pegamos o mesmo trem e descemos na estação Pompei – Scavi villa dei misteri. A essa altura a fome já estava batendo, então foi só escolher o local para comer. E olha que acertamos, pois acho que foi um dos melhores nhoques que já comi. Depois seguimos para o parque. Anteriormente, ainda em Nápoles, tínhamos visitado o Museu Arqueológico, e além das muitas estátuas e objetos que foram retirados das ruínas, assistimos uma animação que simula como seria a cidade antes da explosão. É incrível!

Início da caminhada e primeiras impressões

 

Abaixo dois exemplos de casas típicas romanas: Casa della Fontana Piccola e Casa della Caccia Antica

Casa Fontana Piccola – fonte ao fundo

Casa della Fontana Piccola

Muro della Caccia antica

Interior da casa della caccia antica

Detalhe da pintura da casa della caccia antica

Casa della caccia antica

                           Não dá para explorar toda a cidade, é muito grande! E a parte descoberta representa apenas um terço do que era a cidade na época da explosão do vulcão. É indescritível a sensação de voltar no tempo, percorrendo as ruas de pedra e imaginar como seria a vida naqueles dias. E o mais incrível é olhar para o Vesúvio, ali na frente, o tempo todo olhando para gente! E pensar na força que ele tem.

Jamaica

Para mim, não tem como pensar na Jamaica, sem associar imediatamente ao incrível Bob Marley, de quem sou fã incondicional, das suas músicas, que embalaram muitos momentos divertidos, vividos na faculdade. A Jamaica, é uma ilha exótica e paradisíaca, situada no Caribe. Essas características promoveram o incremento do turismo, e suas consequências foram magistralmente problematizadas no romance de Nicole Dennis-Benn. 

A autora, nasceu em Kingston, a capital da Jamaica, onde viveu até os 17 anos, quando mudou-se com o pai, para os Estados Unidos, para estudar medicina. Depois de ter concluído o mestrado na área de Saúde Pública, e atuado alguns anos na área, resolveu se dedicar a atividade que realmente gostava, a escrita. Seu livro de estreia, “Bem-Vindos ao Paraíso“, escolhido para representar o pais, no projeto #198livros, foi muito aplaudido, tendo vencido o Lambda Literary Award.

Eu terminei de ler ontem, mas ainda continuo lá, na Jamaica, convivendo com os personagens, torcendo por eles e me indignando com a miséria humana: que despreza e exclui quem é diferente; que desconhece o humano no outro para cruelmente usar como fonte de renda, ou em benefício próprio; que se apropria da natureza e da cultura de um povo, pelo dinheiro. Ao narrar a trajetória de Margot, e todos os seus personagens, a autora explora temas como sexualidade, gênero, turismo sexual e racismo. Margot trabalha “oficialmente” no resort de luxo, numa praia da Jamaica, e luta com todas as suas forças para manter sua irmã mais nova, Thandi, na escola, para que ela possa ter uma oportunidade de vida melhor do que ela própria. Ela complementa sua renda usando o corpo, como foi acostumada a fazer desde sempre. O enredo se desenvolve ambientado numa pequena vila litorânea, River Bank, próxima ao resort onde Margot trabalha, e que agora também está ameaçada de ser engolida por mais um resort de luxo. Aos poucos, vamos conhecendo todos os personagens envolvidos na trama, bem como seus dramas profundos; a luta pela sobrevivência diária, marcada por um passado cruel, que volta sempre para assombrar, de mãos dadas com a pobreza, e a mercê da ganância dos poderosos, que não conhecem limites. Parece que todos os personagens foram vítimas de violência, e praticam a violência, talvez para sobreviver, difícil julgar. Uma leitura de pegada, não conseguimos parar, e quando acaba, não conseguimos esquecer

Myanmar

     Localizado no sudeste asiático, o país deixou de integrar o Império Britânico, em 1948. O Budismo teravada, é praticado pela maioria da população, que no entanto, convivem com outras religiões, como cristãos, hindus e muçulmanos. Existem mais de cem grupos étnicos, mas atualmente o maior conflito, está na violenta perseguição que estão sendo vítimas, a minoria muçulmana rohingya, por parte do exército.

       Para representar o país, não precisei procurar muito, tanto pela facilidade de baixar para o kindle, como pela unanimidade de indicação, escolhi o romance de Nu Nu Yi, Smile as They Bow. O livro narra o Festival Taungbyon, que acontece na cidade de Taugbyon, nas imediações de Mandalay, e teve origem na época do Rei Anawrahta, no início do século XI. Trata-se do festival nos nats(espíritos), que acontece numa grande celebração que dura 7 dias, e movimenta toda a cidade, com fieis vindo de todas as províncias. Invocam-se os espíritos por meio de cantos, danças, e orações, que são incorporados pelas natkadaws. São figuras femininas preferencialmente representadas por gays, embora o homossexualismo seja proibido no país, exceção feita ao período do festival.

No romance, a personagem principal, é a natkadaws Daisy Bond, que ganhou esse nome, ao enfrentar a polícia, numa tentativa de viver a sua sexualidade. Mas no momento em que conhecemos a personagem, ela não tem mais tanta jovialidade, e apesar de sua importância, emocionalmente vive na dependência de seu “marido”, Min Min, trinta anos mais jovem, e a quem ela comprou, quando era adolescente. Ela vive o desespero de perceber que ele está lhe escapando, e tem medo que a deixe por uma mulher de verdade. Por trás da história de Daisy, e sua trajetória até tornar-se o que é hoje, a autora no mostra os bastidores do festival, como tudo envolve dinheiro e poder. Como toda a população vive em função desses dias de festival, dos fieis, aos cantores, dançarinos, ambulantes, vendedores de comida, até os “pickpoket”. Tudo gira em torno do dinheiro!