O Djibouti, é um minúsculo país localizado no nordeste da África, numa região conhecida como os “Chifres da África”. Possui uma localização estratégica, situada no estreito de Bab el Mandeb, que liga o golfo de Áden ao mar Vermelho, o canal privilegiado para rumar ao de Suez, pode onde passa 10% da circulação de petróleo e 20% do comercio mundiais. Pela sua proximidade com a Somália e o Oriente Médio, fazem do país uma área de importância geopolítica e militar. Nada mais do que 7 nações ocupam o Djibouti com presenças militares, EUA, Japão, França, Itália, Espanha, e recentemente Arábia Saudita e China. Sendo que os Estados Unidos e a China possuem bases permanentes, e pagam anualmente 63 e 100 milhões de dólares, respectivamente pelo aluguel das bases.
Abdourahman A. Waberi, é o autor do romance escolhido Passage des larmes, publicado pela Editora Jean-Claude Lattès, em 2009. Waberi, nasceu em Djibouti, capital do Djibouti, em 1965. Mudou-se para a França em 1985, onde concluiu os estudos na universidade de Borgonha. Escreveu vários romances, foi saudado pela crítica, recebeu inúmeros prêmios. Vive entre a França e os Estados Unidos onde ensina literatura.
Passage des larmes(– باب المندب, nome do estreito Bab el Mandeb, em árabe), é um romance de espionagem, misterioso, tenso, que faz eco a situação atual, mas ao mesmo tempo, agradável de ler, pela forma poética como é narrado. Fala do exílio, do fanatismo religioso, e a geopolítica da região dos chifres da África. Estruturado de forma a dar voz a dois narradores, Djibril, que tem 29 anos, vive em Quebec, no Canadá e está retornando a Djibouti a trabalho, depois de 15 anos de exílio; e um fanático religioso que se encontra preso, e que terá sua identidade revelada aos poucos, a medida que a narrativa for avançando, e que parece tudo saber sobre Djibril e os seus passos. Entre os dois narradores, o autor inseriu, no contexto atual, a presença de Walter Benjamim, filósofo, ensaísta e tradutor, que morreu no exílio, enquanto tentava fugir dos nazistas, e que parece ser a inspiração dos dois personagens, antagônicos entre si. Ao chegar, Djibril vai se deparar com dois inimigos, um real, tangível, que é o inimigo político, representado pelos grupos fanáticos que utilizam o islamismo, para aterrorizar, e o outro é ele mesmo, quando confrontado com seu passado, que havia deixado para trás ao sair do país. Todas as dores e lembranças do passado, pouco a pouco vão lhe invadindo e assustando. A intriga é eletrizante, além de extremamente instrutiva, para aprender sobre a região.