Em Paris sobre Trilhos, Ina Caro inicia sua viagem de trem pela história da França, pela basílica de Saint-Denis do século XII, e nós decidimos fazer o mesmo. Acontece que nosso primeiro dia livre, caiu justo no dia 1º de maio! E aqui vale um parêntese: A experiência de morar em outra cidade nos proporciona a oportunidade de enxergá-la de dentro para fora, o que não acontece quando estamos de passagem, pois vemos a cidade de fora para dentro. Nossa professora Danielle nos havia explicado na véspera, que é costume na França se oferecer um bouquet de muguet aos entes queridos no primeiro dia de maio, para lhes desejar felicidade e celebrar a nova estação. Não conhecia a tradição, que segundo a lenda remonta desde os tempos da renascença, com Carlos IX, mas só foi associado ao dia do trabalhador a partir do inicio do século XX. Christian Dior fez do muguet a marca de sua Maison.
Bouquet de muguet Venda de flores no 1º de maio
Mas voltando ao nosso passeio, para chegar a basílica de Saint-Denis, tomamos a linha 13 do metrô, com cuidado para pegar o trem certo, o Saint-Denis Université, para poder descer na estação Basilique de Saint-Denis, pois essa linha bifurca na estação La Fourche. O local fica no subúrbio de Paris, e para ser sincera, o visual dos arredores não é muito agradável, chega mesmo a ser um pouco assustador, mas como o nosso interesse era a basílica, seguimos em frente e foi só virar a esquina, para obtermos a primeira visão.
Fachada oeste da Basílica Saint-Denis
Fachada da Basílica
A basílica foi construída sobre um cemitério gallo-romano que abrigava a sepultura de Saint-Denis, considerado o primeiro bispo de Paris, foi martirizado em torno do ano de 250. E segundo a lenda foi decapitado e caminhou de Montmartre até o local onde foi enterrado, segurando a própria cabeça. Tornou-se um lugar de peregrinação, e no século V foi construída a igreja. No século VII, Dagoberto I fundou a basílica, que veio a tornar-se uma das Abadias beneditinas mais importantes da Idade Média. A maioria dos reis e rainhas da França foram enterrados lá, desde o século VI.
No século XII, o abade de Saint-Denis, Suger, que além de político influente, era um magnífico artista e empreendedor, mandou reconstruir a basílica utilizando pela primeira vez técnicas construtivas, como o arco em ogiva, rosácea, e vitrais coloridos, que rasgavam as paredes espessas das igrejas em estilo românico, deixando a luz entrar. A inauguração do coro da Basílica de Saint-Denis em 11 de junho de 1144, marca o nascimento da arte gótica.
Como era 1º de maio, nós não pudemos entrar, e vimos só a parte externa conferindo todos os detalhes das fachadas, as quatro colunas com cornijas no topo, etc. Ventava e fazia muito frio, então decidimos continuar o passeio em outros lugares e retornar em outro dia. Voltamos 03 dias depois, para conhecer a parte interna e a necrópole.
Foi uma sensação indescritível quando entrei pela primeira vez na Basílica! Não pude deixar de pensar, no que sentiram todos os convidados de Suger, o rei Luis VII, sua mulher, e todos os bispos e arcebispos, no dia da inauguração do coro da Basílica, quando viram toda aquela luz entrando pelos vitrais coloridos, as portas de bronze na entrada, o altar dourado, etc, e tudo isso naquela época, em que todos estavam vendo essas técnicas construtivas pela primeira vez. Olha só que lindo a luz passando pelos vitrais e indo até o chão!
Sarcófago de Luís XVI e Maria Antonieta
A visita ao interior da igreja é gratuita, mas para visitar a necrópole é necessário adquirir o ingresso e dura em média uma hora e meia. Existem visitas comentadas e audio guiadas.
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