Quando vi que o livro escolhido para representar o Irã, Persépolis, de Marjane Satrapi, era em quadrinhos, fiquei um pouco ressabiada. Nunca fui simpatizante de histórias em quadrinhos, sempre achei complicado seguir a sequência, além de que as ilustrações, tiravam um pouco a graça de imaginar as cenas. Até que numa de minhas visitas a livraria, depois de folhear o livro e ficar fascinada pelas palavras de Marjane, desejei imediatamente ir para casa continuar a leitura.
Persépolis, é a história de vida da autora, que nasceu em Rasht, no Irã, e hoje mora em Paris. Bisneta do imperador do Irã deposto pelo Xá, e filha de pais modernos e revolucionários, teve uma educação que tanto valorizava as tradições culturais do país, como os valores de igualdade e solidariedade, com características ocidentais, já que estudava num num liceu francês, até a revolução de 1979. A revolução que se iniciou como um movimento popular para a derrubada do Xã, veio a se transformar numa ditadura islâmica, muito distante da nossa realidade. Fica sempre a curiosidade sobre como vivem e sentem os iranianos com toda essa reviravolta em suas vidas. Como será a vida por trás do véu, e de todas as restrições impostas pela religião? Até então, o mais próximo que havia chegado da realidade do Irã tinha sido com o filme “Argo”, mas lendo o livro de Marjane conseguimos adentrar a sociedade iraniana de uma maneira muito mais leve e divertida, do que aquela tensão que vivemos no filme.
Marjane, consegue contar todas as dificuldades e sofrimentos pelos quais passou, de uma forma irreverente, que não deixa espaço para tristeza. Uma excelente leitura e mergulho na cultura do Irã.