Mônaco

IMG_0108Associar Mônaco a glamour, luxo, iates, formula um, cassinos e Grace Kelly, é mais do que natural, afinal o principado, é tudo isso, além de ter um dos custos de vida mais alto do planeta. Isso tudo, graças a uma economia baseada no turismo, regime de tributação privilegiada(paraíso fiscal),  e alguns atrativos como o Grande Prêmio de Mônaco, Cassino de Monte Carlo e sede do World Music Awards, dentre outros. Mas, se por um lado a vida se desenrola com todo esse esplendor, não se pode deixar de pensar, e os normais, como vivem nesse principado de contos de fada? E parece que essa curiosidade não era só minha, uma vez que a Revista Life, publicou uma reportagem abordando a evolução da identidade monegasca ao longo do tempo, e para ilustrar traçou o retrato de 03 monegascos, que junto com seus compatriotas, representam um quarto dos quase 38 mil habitantes de Mônaco, ou seja eles são minoria em seu próprio país.

Venturi, é construtor de automóvel conhecido por ser o especialista monegasco em carros elétricos. É à Venturi que pertence o recorde absoluto de velocidade em pista para um carro elétrico: quase 500 km/hora. A marca tornou-se numa bandeira do Mónaco. Segundo Ferry, “para quem nasceu no principado, é impossível passar ao lado do desporto automóvel. É uma obrigação.”

 Marc Costa é uma referência em todo o país, na preparação do barbajuan, um dos pratos nacionais de Mônaco, feito a base de beterraba branca, fiambre, arroz, cebolas, queijo, ovos. De acordo com Costa, “a identidade monegasca tem a ver com a tranquilidade. Não há mudanças políticas, não há mudanças de governo, há uma harmonia generalizada. Todas as empresas realmente monegascas continuam a trabalhar ao longo do tempo.”

A paixão de Dominique Salvo são as palavras. Ela ensina o monegasco na única escola preparatória pública local. Em 1976, o ensino desta língua tornou-se obrigatório até ao quinto ano. Para os alunos, a aprendizagem é claramente um mecanismo identitário, que os distingue dos vizinhos franceses. Dominique Salvo afirma que “quando aprendemos, ficamos ainda mais com a noção de que pertencemos mesmo aqui. Para os estrangeiros, é uma forma de integração. (…) A origem está no genovês. Atualmente, só é falada aqui. Se a deixarmos morrer, é todo um povo que perde a sua língua. Não se trata apenas de vocabulário; é também uma forma de estar, de fazer e de pensar.”

Pierre Abramovici, jornalista, diretor de televisão e autor do livro escolhido, Un Rocher Bien Occupé, nasceu em Mônaco, e cresceu ouvindo sua avó contar as histórias de guerra que ela tinha presenciado no principado. E graças as histórias que sua avó contou, ele se interessou pelos acontecimentos que se passaram durante a guerra no rochedo, como também é conhecido o principado. Com a colaboração da também jornalista Carine Mournaud, pesquisou durante quatro anos em milhares de documentos em arquivos e nas lembranças dos monegascos, as informações que se baseou para escrever o livro. Não se trata de um romance, mas um relato, sobre a participação de Mônaco na segunda guerra mundial. Como sua neutralidade, e condição de paraíso fiscal, dentre outras causas, fizeram do pais um colaboracionista do regime nazista, sob a orientação de seu soberano, o príncípe Louis II. O livro, nos ajuda a compreender como Mônaco se tornou o que é nos dias de hoje, e a entender também o comportamento dos Grimaldi, governantes do principado há mais de 7 séculos.

 

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