Japão

                        Foi num impulso que comprei este livro, logo no início do projeto, e deixei separado para quando chegasse a vez do Japão, no sorteio. Mas o tempo foi passando, e nada, então foi ficando lá, esquecido na estante. Um dia, vi o trailer do filme no cinema, uma, duas, três….inúmeras vezes, e abusei da história antes mesmo de ter visto o filme, e lido o livro. Pensei até em escolher outro para o Japão, mas resolvi persistir, e incluí-lo em outro desafio. Dessa forma, não só seguiria minha intuição, como iria descobrir o que motivou  Martin Scorsese, a reler tantas vezes, depois da primeira leitura em 1987, até adaptá-lo para o cinema. Ele foi publicado a primeira vez no Japão, em 1966, e fez um enorme sucesso, e colocou o cristianismo em discussão, não só no Japão, como entre os próprios cristãos.

                          O livro conta a história ficcional, mas baseada em fatos reais, de dois jesuítas portugueses, Sebastião Rodrigues e Garpe, que viajam ao Japão no final da década de 30, do século XVII, para descobrir o paradeiro do seu mentor, o padre Ferreira, que teria escolhido a apostasia ao martírio. No Japão, naquela época,  os cristãos eram perseguidos e torturados, até renegarem a fé pisando na imagem de Cristo. Meu exemplar foi traduzido a partir da tradução do japonês para o inglês, por William Johnston. No prefácio, ele faz uma descrição do contexto histórico, do conturbado período em que se passa O Silêncio, ou seja os conflitos entre o Oriente e o Ocidente, especialmente na relação com o cristianismo, e que de acordo com a visão do autor, fracassou no Japão, por ser considerado um “charco”, “por que suga todas as ideologias, transformando-as e, nesse processo distorcendo-as“.  O autor é católico praticante, e com uma escrita envolvente, descreve a saga dos dois jesuítas, que viverão o mesmo suplício que seu mentor, a perseguição religiosa, tortura, a angústia da fé, e no final  terá que   escolher entre abandonar o rebanho ou o seu Deus. Impossível não se emocionar, com a história. E no final, estávamos certos, eu, minha intuição e a motivação de Martin Scorcese, que teria encontrado nesta obra um tipo de amparo, poucas vezes encontrada em outras obras de arte.                          

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