A Eslovênia foi um dos seis países que fizeram parte da Iugoslávia, a partir de 1945, até ficar independente em 1991. Isto, depois de ter pertencido ao Império Romano, ao Império Bizantino, a República de Veneza, ao Ducado de Carantânia (o atual norte esloveno), ao Sacro Império Romano-Germânico, a Monarquia de Habsburgo, ao Império Austríaco (a partir de 1866, Império Austro-Húngaro), ao Reino dos Sérvios, Croatas e Eslovenos (depois Reino da Jugoslávia) e a República Socialista Federativa da Iugoslávia de 1945, até finalmente conquistar a independência em 25 de junho de 1991.
Eu só pude entender, um pouco melhor, a questão da Iugoslávia, depois de uma pesquisa que fiz antes de ler o livro da Bósnia e Herzegovina. Esse livro, no entanto, aborda outra questão, que ainda não tinha tido conhecimento. No livro da Bósnia, um menino narra os conflitos vividos durante a guerra e como teve que emigrar para a Alemanha, para sobreviver. Já no livro escolhido para a Eslovênia, Southern Scum Go Home, do esloveno Goran Vojnović, um menino narra as dificuldades que ele enfrenta, por ser um scum, (uma pessoa que vive em determinado país, mas sem pertencer a maioria étnica), pois são muitas as diferenças culturais entre os locais e os imigrantes da extinta Iugoslávia. Filho de pais Bósnios, ele vive em Fužine, um bairro urbano da classe operária com grande proporção de imigrantes ao leste do centro de Liubliana. A situação descrita pelo narrador, neste romance, é a mesma vivida, durante os anos 90, por mais de 25.000 de residentes eslovenos, conhecidos por Izbrisani, ou “apagados”, porque foram eliminados dos registros de residência permanente em 1991, e assim perderam a oportunidade de se tornarem cidadãos. As crianças Izbrisani tinham a certidão de nascimento registrada na Eslovênia como sendo cidadãos de outras repúblicas da Iugoslavas, mas, com frequência, as repúblicas não eram informadas do nascimento. E na Eslovênia, como em outras repúblicas europeias, adota-se o Jus Sanguinis, para conceder a cidadania, não importando se as crianças tenham nascido e vivido toda a vida no país. Como não tinham direitos legais, e perderam a conexão com o país de origem dos pais, ficaram sem pátria, assim ,por medo da deportação, aprenderam a desaparecer nas ruas e evitar a polícia. Embora curtinho, o livro retrata bem essa drama vivido por esses jovens em Fužine, bem como em outras partes da Eslovênia.