Em 2011, a Islândia disse “não” aos banqueiros, e ganhou muitos fãs, inclusive eu. Não tem como não simpatizar com um povo, que tem o discernimento e a coragem de impedir que a população pague pelos erros dos banqueiros, aceitando pacotes de austeridade. E também não tem como não se emocionar com a impressionante diversidade da paisagem islandesa. O país possui 22 vulcões ativos, 250 áreas geotermais, 780 fontes quentes e a terceira maior geleira do mundo (depois da Antártica e da Groenlândia). Então não é de se estranhar que eu tenha encontrado um romance tão a altura da “natureza” do país, embora essa tenha sido a minha estréia na literatura islandesa. O livro escolhido foi Rosa Candida, e o exemplar que li, foi traduzido do francês por André Telles e publicado pela Alfaguara, em 2007. Esse é o terceiro romance da escritora Audur Ava Ólafsdóttir, nascida em 1958, em Reykjavik, capital da Islândia. Audur estudou arte em Paris, e é professora de teoria e história da arte na Universidade da Islândia.
O romance conta a história de Lobbi, um jovem que foi pai muito cedo, e decide partir para o estrangeiro, levando na bagagem três botões de rosa candida, um tipo muito raro, além de uma foto de sua filha, e essa é praticamente toda sua bagagem. O ponto de partida do romance, é a necessidade de tornar-se pai, como faz um homem para tornar-se pai? No espaço de um ano, Lobbi perdeu sua mãe, num acidente, e tornou-se pai de uma menina, de forma acidental. Ele vive com seu pai, e com o irmão gêmeo, Jósef, nos finais de semana, – pois é especial e vive numa clínica. Tímido, oprimido pela paternidade precoce, pelas expectativas do próprio pai, e sentindo a ausência da mãe, de quem era muito ligado, ele decide viajar para tentar se encontrar. Consegue um emprego de jardineiro, num mosteiro, com a missão de resgatar seu jardim magnífico. O jardim e as rosas, era uma paixão que ele e a mãe compartilhavam. Segundo a autora, toda viagem literária, é uma viagem onde a gente se descobre e muda, o livro é quase um romance de formação. Não se sabe qual o país, para onde ele vai, e onde se encontra o jardim magnífico. De acordo com Audur, ela ainda o procura. O livro é escrito de uma forma simples, mas apaixonante, que nos toca diretamente no coração!