Omã está localizado no Oriente Médio, entre os Emirados Árabes, a Arábia Saudita e o Iêmen, na península arábica. A capital é Mascate, e o regime de governo é monarquia absolutista. É a única monarquia em um país do golfo pérsico cujo chefe de estado é um sultão. Qaboos bin Said era o príncipe herdeiro até 1971, quando depôs o pai e assumiu o poder. Ele foi o responsável por transformar o país no que é hoje, mais moderno e com um equilíbrio que difere totalmente dos outros países árabes, tanto em relação ao conservadorismo religioso, como a Arábia Saudita e o Kuwait, como pelo deslumbramento econômico, como os Emirados Árabes, e o Catar, ou ainda conhecidos pelo terrorismo como o Iraque e o Iêmen. A economia é dominada pela produção petrolífera. Em termos de neutralidade, representam em relações internacionais no Oriente Médio o que a suíça representa para a diplomacia internacional.
A religião oficial do Omã é o islamismo, e a legislação se baseia na Sharia(lei islâmica), de forma que cultura e religião estão profundamente enraizadas. A religião inclusive já vem na certidão de nascimento, sendo a liberdade religiosa apenas para os estrangeiros(o muçulmano não pode ser convertido). Apesar da religião ser tão marcante na cultura do país, e de prezarem pelas tradições do mundo árabe, eles adotam uma versão mais moderada do islamismo, o ibadismo. Da mesma forma, na política, apesar de não existirem partidos políticos ou oposição ao governo, existe uma considerável liberdade individual.
Tanta diferença, talvez tenha se refletido na literatura. O livro escolhido Earth Weeps, Saturn Laughs, do escritor omani, Abdulaziz Al Farsi, tem uma proposta bem diferente do que já tinha lido até então. A história é ambientada em um pequeno vilarejo, em Omã, que não se sabe se é fictício ou não, pois o nome da cidade não é revelado. O relato é feito por nada mais nada menos do que sete narradores. Quem inicia a história é Khalid Bakhit, um jovem funcionário público que após sofrer uma desilusão amorosa, retorna da cidade grande, aonde foi estudar anos atrás, para sua cidade natal. O retorno de Khalid coincide com o início de uma série de acontecimentos que transformaram a aparente calma cidade, numa verdadeira praça de guerra, fazendo vir a tona, toda a rede de intrigas que existe nos bastidores da cidade. De acordo com Walad Sulaymi, um dos sete narradores, seu avô já dizia, que quando Deus decide que um lugar seja castigado, ele determina o retorno de todos que partiram da cidade natal, e com o retorno de Khalid, o ciclo se fecha para dar início a punição da cidade.
O aparente fervor religioso que faz com que os habitantes compareçam a mesquita cinco vezes por dia para rezar, não basta para sensibilizar e transformar o comportamento deles, pois os conflitos se propagam em disputas pelo poder, discriminações raciais e sociais, e até mesmo um crime, já foi cometido em nome da moral e dos bons costumes. O enredo, que é bastante envolvente, mistura realidade e fantasia, e prende a atenção do leitor até o final do livro. Mais um excelente livro para o projeto #198 livros.
Esse você já sabe que eu amei, né?
Fiquei um tempo sem passar por aqui e agora estou me atualizando. 🙂
Ah! Que ótimo Camila, apareça sempre! Esse livro realmente me conquistou, assim como o país, que já foi para minha listinha!