Mais um país cuja existência desconhecia completamente, nem mesmo de ouvir falar. Este é o menor país caribenho, e menor estado soberano das Américas, composto de duas ilhas, São Cristóvão e Névis, separadas por uma faixa de três quilômetros das águas claras do Caribe, possuem juntas apenas 261 km. Seus vizinhos mais próximos são Porto Rico e Antígua e Barbuda. Foram descobertas por Cristóvão Colombo em 1493, e colonizadas pela Grã-Bretanha a partir de 1623. Somente em 1983 conseguiram a independência. A maioria dos seus quase 56 mil habitantes(2016) são descendentes de escravos africanos que foram trazidos para trabalhar na lavoura da cana-de-açúcar e algodão. O livro escolhido para representar o país, Only God Can Make a Tree, foi escrito por Bertram Roach.
Nascido na ilha de Névis, filho de um administrador de uma fazenda onde se cultivava a cana-de-açúcar, ele cresceu vivendo a realidade desse meio, onde a força propulsora dessa lavoura era a mão-de-obra escrava. Após a libertação dos escravos, estes passaram a ser tralhadores “livres”, mas trabalhando em regime de escravidão, sem chance alguma de virem a ascender profissionalmente e/ou socialmente devido a cor da sua pele. Bertram Roach conta neste livro a história de sua vida, mudando alguns nomes e locais para proteger a identidade das pessoas envolvidas.
O livro narra a história de Adrian, um mestiço filho de pai branco(irlandês) e mãe negra(nativa). Ele não tem uma relação próxima com os pais, pois no fundo não os perdoa por terem se casado, não consegue entender porque sua mãe não casou com um negro. Esse sentimento que separa as pessoas pela cor da pele, e define seu lugar na sociedade, é mostrado de uma forma tão crua e direta pelo autor, que as vezes chega a chocar, mas é a realidade daquela época, e daquela sociedade. Os brancos vinham para trabalhar e enriquecer, conheciam as mulheres negras, se relacionavam e as vezes as engravidavam, mas jamais casavam com elas. O pai de Adrian, foi uma exceção, no entanto jamais apresentou a esposa a família na Europa. Por outro lado os homens negros, sabiam que por mais competentes e trabalhadores que fossem, jamais teriam qualquer chance de evoluir na profissão. Esse sentimento, vai influenciar de uma forma bastante negativa as decisões futuras de Adrian, e das pessoas ao seu redor, e é por meio da história dele, que o autor traça um retrato minucioso da vida no país.
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